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Oriente Médio

Conselho da ONU cria comissão para apurar ataque

Brasil votou a favor de investigação independente sobre a ação militar de Israel contra ativistas. EUA foram contra

Ativista ferido durante ataque de  forças israelenses a navio de ajuda humanitária chega a Ancara, capital turca: deportação | Umit Bektas/Reuters
Ativista ferido durante ataque de forças israelenses a navio de ajuda humanitária chega a Ancara, capital turca: deportação (Foto: Umit Bektas/Reuters)

O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu ontem enviar uma missão independente a Is­­rael para investigar as circunstâncias da morte de nove ativistas in­­ternacionais por soldados de Israel a bordo do navio turco Mari Marmara.

O relatório deve ser entregue ao conselho em setembro, quando haverá um debate a respeito e poderão ser tomadas novas medidas, como a remissão ao Conselho de Segurança da ONU.

A criação da missão, cujos integrantes serão nomeados pelo conselho em Genebra, é o ponto mais forte de uma resolução apro­­vada ontem no conselho com apenas três votos contra (EUA, Itá­­lia e Holanda) e que condena Is­­rael pelo incidente.

Trinta e dois países, inclusive o Brasil, votaram a favor. Houve nove abstenções.

A resolução usa terminologia dura. Abre afirmando que "condena nos termos mais fortes o ultrajante ataque’’ e que "deplora profundamente’’ as mortes. Tam­­bém chama explicitamente Israel a suspender já seu bloqueio à faixa de Gaza, que dura quase três anos.

EUA

Aliados incontestes, os Estados Unidos criticaram o texto, chamando-o de par­­cial. "Esta resolução diante de nós se apressa em julgar fatos que, como nosso debate ontem deixou claro, estão só começando a ser descobertos e entendidos’’, afirmou a embaixadora Ei­­leen Chamberlain Do­­nahoe.

"Ela cria um mecanismo internacional antes de dar ao governo responsável a chance de investigar por si, e, assim, há risco de se politizar uma situação delicada’’, disse a americana ao votar.

Apesar do voto negativo, os americanos reafirmaram que estão "profundamente preocupados com a perda de vidas’’ e que condenam as ações que levaram a ela, sem contudo citar Israel. Também pediram que seja garantida a distribuição de alimentos e suprimentos em Gaza.

Investigação interna

O efeito da resolução é questionável, já que o Conselho de Direitos Humanos não tem poder de impor sanções. Mas é a instância a mais alta da ONU para o te­­ma, e seu mais recente relatório investigativo sobre a ofensiva is­­raelense contra Gaza, redigido pe­­lo juiz Richard Goldstone, foi remetido ao Conselho de Segu­­rança após forte repercussão.

Goldstone acusou Israel e o gru­­po islâmico Hamas, que go­­verna o território ocupado, de cri­­mes de guerra durante o conflito na virada de 2009.

A lição do relatório Goldstone está gerando pressão em Israel pa­­ra que seja aberto um inquérito do­­méstico que aponte o que deu errado na operação. Muitos no país julgam que os danos causados à imagem de Israel poderiam ter si­­do diluídos se o país tivesse antecipado sua própria apuração.

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