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Peritos examinam o local em que o brasileiro morreu depois ter sido perseguido pela polícia, em Sydney, capital da Austrália | Paul Miller/EFE
Peritos examinam o local em que o brasileiro morreu depois ter sido perseguido pela polícia, em Sydney, capital da Austrália| Foto: Paul Miller/EFE

Taser

Arma de choque é a mais usada

A Taser é a arma da categoria não letal mais usada no mundo. Segundo a fabricante, um estudo publicado em 2009 nos Estados Unidos analisou 1.200 casos e concluiu que, em 99,75% deles, as vítimas dos choques não tiveram danos significativos.

A fabricante afirma que, apesar da pistola produzir 50 mil volts, apenas pulsos curtos de 400 volts atingem efetivamente o corpo dos suspeitos.

Além disso, a corrente provocada é cerca de 0,01% da provocada por um choque de tomada 110V.

Itamaraty diz que "deplora" a notícia da morte de brasileiro

O Itamaraty informou ontem, por meio de nota, que o governo brasileiro "deplora a notícia da morte" do estudante brasileiro Roberto Laudísio Curti.

O Ministério das Relações Ex­­teriores expressou apoio à família do jovem e afirmou ainda ter "con­­fiança de que as autoridades australianas conduzirão as investigações com o rigor necessário".

"O consulado-geral do Brasil em Sydney e a embaixada do Bra­­sil em Camberra foram instruídos a prestar toda a solidariedade e apoio à família da vítima, bem como a solicitar os devidos esclarecimentos às autoridades australianas a respeito do ocorrido", afirma trecho da nota.

"Com profundo pesar lamentamos a morte de Roberto Lau­­dí­­sio, ocorrida após confronto com a polícia", afirmou à reportagem o diplomata australiano Goran Nuhich, segundo na hierarquia da embaixada da Aus­­trá­­lia no Brasil.

Folhapress

  • Roberto Curti morreu depois de receber disparos de uma pistola de choque

Os indícios até agora mostram que a polícia australiana agiu de modo "irresponsável" na ação que resultou na morte do estudan­­te brasileiro Roberto Laudísio Cur­­ti, de 21 anos, afirma o cônsul-adjunto do Brasil em Sydney, An­­dré Costa.

Beto, como era conhecido, foi morto no domingo depois de receber disparos de Taser (pistola de choque) dados por policiais de Nova Gales do Sul, estado australiano do qual Sydney é a capital.

O estudante era suspeito de ter furtado um pacote de bolachas de uma loja de conveniência e depois fugido.

Para os amigos do brasileiro, ele foi morto por engano.

Segundo uma testemunha dis­­se ao jornal The Sidney Morning Herald, Beto recebeu "três ou qua­­tro" disparos da pistola de choque, além de spray de pimenta. A polícia não contestou essa versão.

A testemunha revelou que o rapaz gritou por socorro quando recebeu os choques, até des­­mai­­ar.

Segundo a polícia, ele teve uma parada cardiorrespiratória. Policiais e paramédicos chamados ao local tentaram reanimá-lo, sem sucesso.

"O que se tem até agora divulgado pela mídia mostra uma conduta irresponsável. Um único disparo é eficiente para neutralizar alguém. Mais de um disparo se torna letal, ainda mais combinado com spray de pimenta, que acelera o ritmo cardíaco", afirmou o cônsul-adjunto.

O caso tomou proporção "gi­­gantesca" na Austrália, em especial pelo uso da arma de choque na morte do brasileiro, debate que já existia no país, segundo o diplomata.

O governo brasileiro acompanha o caso e, em nota, disse "de­­plorar" a morte.

Uma comissão independente em Sydney irá apurar as circunstâncias da morte e se houve erro ou abuso da polícia, anunciou ontem o ouvidor da corporação.

O corpo de Beto foi submetido a autópsia; a polícia não divulgou a causa da morte.

Na madrugada de domingo, Beto ligou para a irmã e, aparentando estar alterado, disse frases desconexas e afirmou que estava sob ameaças, disseram dois amigos do brasileiro. Essa informação também chegou ao cônsul.

Foi o último contato entre o rapaz e a família. O que se sabe é que ele havia acabado de sair de uma casa noturna onde esteve com amigos.

A partir daí, o cenário se torna nebuloso: um funcionário da lo­­ja de conveniência afirmou que um rapaz invadiu o local sob efeito de álcool ou drogas e falando coisas sem sentido. Desar­­ma­­do, saiu com um pacote de bolachas.

A polícia o abordou sob a premissa de que Beto era essa pessoa; para os amigos do brasileiro, não há certeza de que foi ele que invadiu a loja.

O vídeo do estabelecimento, capaz de tirar a dúvida, está com a polícia e não havia sido divulgado até a conclusão desta edição.

Curti era de São Paulo e havia trancado matrícula no curso de administração na Pontifícia Uni­­versidade Católica para viajar. Na Austrália, estudava inglês e morava com sua irmã mais ve­­lha, casada com um australiano.

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