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A crise deflagrada pelas ambições nucleares da Coréia do Norte ganha força com o anúncio de que o país levou a cabo os testes, como anunciado há uma semana. Algumas perguntas e respostas levantadas pelo site da BBC Brasil ajudam a entender o caso. Confira:

1 - Qual o peso dessa crise?

A queda de braço entre a Coréia do Norte e os Estados Unidos é, possivelmente, a maior ameaça à segurança do sudeste asiático, a curto e longo prazo. Se o teste anunciado pela Coréia do Norte for verdadeiro, confirmará a existência de ogivas nucleares no país e encerrará as possibilidades de negociações multilaterais entre os seis países envolvidos (Estados Unidos, China, Japão, Coréia do Norte, Coréia do Sul e Rússia) em entendimentos sobre o programa nuclear norte-coreano. Além disso, aumentará muito as chances de uma corrida armamentista nuclear na região.

2 - Por que a Coréia do Norte decidiu realizar os testes agora?

O ditador norte-coreano Kim Jong-Il parece ter desistido das negociações. A imprensa da Coréia do Norte, controlada pelo governo, vem divulgando que os EUA pretendem atacar o país e que o programa nuclear é a única forma de evitar isso. Kim também pode estar se rebelando contra a China, que em julho manifestou apoio a sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra seu país. Por fim, isolado no cenário internacional, Kim ele pode considerar que os testes nucleares são a melhor forma de manter sua autoridade doméstica.

3 - Como a crise começou?

Em 2002, o presidente dos EUA, George W. Bush, incluiu a Coréia do Norte, assim como o Irã e o Iraque, no seu "eixo do mal", o que fez com que os asiáticos se retirassem do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), do qual eram signatários, criando temores de uma guerra nuclear. É difícil avaliar quais serão os próximos passos, mas acredita-se que a questão nuclear seja uma tentativa desesperada de Pyongyang negociar um pacto de não-agressão e ajuda econômica dos Estados Unidos.

4 - O que se sabe sobre o programa nuclear da Coréia do Norte?

A Coréia do Norte afirma ter armas nucleares e diz que está trabalhando na construção de um arsenal maior e mais potente. O problema para o resto do mundo é a dificuldade de comprovar as declarações. Em dezembro de 2002, Pyongyang expulsou do país dois monitores nucleares da Agência Internacinal de Energia Atômica (AIEA), que é vinculada às Nações Unidas. Desde então, não se sabe ao certo em que estágio está o programa nuclear norte-coreano.

5 - Quantas armas nucleares a Coréia do Norte tem?

Sem as inspeções da AIEA, é difícil dizer. Os especialistas falam em um pequeno número de bombas, enquanto os Estados Unidos consideram haver "uma ou duas".

6 - A Coréia do Norte já tem capacidade de jogar uma bomba nuclear?

Apesar de o país ter aparentemente testado com sucesso um dispositivo nuclear, especialistas acreditam que a bomba não deve ser pequena o suficiente para poder ser transportada por um míssil. Isso indica que a única forma de a Coréia do Norte jogar uma bomba seria usando aviões, que podem ser monitorados por militares de outros países. Porém, o país já trabalha num programa de mísseis de longa distância. Isso pode fazer com que o Japão tenha de desenvolver um programa de defesa balística ou até mesmo um programa nuclear próprio.

7 - Que diferença há entre a crise da Coréia do Norte e a do Iraque, por exemplo?

Os casos são diferentes. Os asiáticos são isolados e têm sérios problemas domésticos. Dois aliados americanos – Japão e Coréia do Sul – se esforçam para tentar uma aproximação com o regime de Pyongyang. Além disso, o Iraque, antes da invasão liderada pelos Estados Unidos, não tinha armas nucleares, e a derrubada de Saddam Hussein também visava a evitar que ele adquirisse tal poder. Com Pyongyang, a alternativa que resta é gerenciar a situação.

8 - A Coréia do Norte já não provocou uma crise parecida?

Em 1993, o país passou por crise semelhante, mas foi convencido a suspender as atividades nucleares no ano seguinte, com o acordo de 1994. Em troca, o país receberia óleo pesado e dois reatores para produção de energia que dificilmente poderiam ser usados para se fazer armas.

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