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Contra antissemitismo, judeus alemães fazem ‘marcha do quipá’

A comunidade chegou a ser orientada para não usar quipás nas grandes cidades do país. Quatro ataques antissemitas foram reportados em média por dia no ano passado

Alemães demonstram solidariedade aos judeus após uma série de ataques anti-semitas, que levantaram questões sobre a capacidade de Berlim de proteger sua florescente comunidade judaica sete décadas após o Holocausto | BODO SCHACKOW/AFP
Alemães demonstram solidariedade aos judeus após uma série de ataques anti-semitas, que levantaram questões sobre a capacidade de Berlim de proteger sua florescente comunidade judaica sete décadas após o Holocausto (Foto: BODO SCHACKOW/AFP)

Várias cidades da Alemanha registram nesta quarta-feira (25) protestos apelidados de "marcha do quipá" contra o aumento do antissemitismo no país, 70 anos após o Holocausto.  

Ataques contra judeus na Alemanha são "contra todos nós", afirmou o ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Mass, em um pedido de apoio à comunidade judaica.  

Na semana passada, um árabe israelense saiu pelas ruas de Berlim com um quipá como um experimento. Ele acabou sendo vítima de abusos verbais por três pessoas e foi atingido por uma "cinturada" de um sírio palestino. Um vídeo foi postado na internet.  

Ao ataque seguiram-se relatos de bullying de crianças judias em escolas. Nesta terça (24), o presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha, Josef Schuster, orientou a comunidade a não usar quipás nas grandes cidades do país.  

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Na noite desta quarta, milhares de pessoas usando quipás são esperadas em marchas em várias cidades.  

O jornal Tagesspiegel imprimiu uma foto de um quipá para que os leitores cortassem e usassem.  

"Se jovens aqui são ameaçados só por estarem usando um quipá, devemos deixar isso claro: eles não estão sozinhos", disse Mass ao jornal. "Ninguém pode ser discriminado por causa de sua origem, da cor de sua pele ou de sua religião."  

A Alemanha não está sozinha na luta contra o antissemitismo. A França foi chocada no mês passado pelo assassinado de uma sobrevivente do Holocausto em um suspeito ataque antissemita.  

Desde 1991, o número de judeus pertencentes a uma comunidade religiosa mais do que triplicou na Alemanha, chegando a 100 mil, em parte devido ao fluxo de imigrantes da ex-União Soviética. Aproximadamente o mesmo número de pessoas é de judeus não praticantes ou têm raízes judaicas.  

Antes do Holocausto, eram 600 mil.  

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O Tagesspiegel, citando dados do governo, informou que quatro ataques antissemitas foram reportados em média por dia no ano passado, o mesmo nível de 2016. A maioria, 1.377 de um total de 1.452, foi cometida por radicais de direita.  

Schuster também pediu que grupos muçulmanos apoiem a luta contra o antissemitismo. "Não pode haver tolerância à intolerância", afirmou.  

O Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha e diversos grupos turcos apoiaram as marchas desta quarta.  

"Se você quer lutar contra a islamofobia, você não pode tolerar o antissemitismo. E nós sabemos onde o antissemitismo foi dar na história alemã", afirmou Gokay Sofuoglu, chefe da organização Comunidades Turcas na Alemanha, ao jornal Berliner Zeitung.

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