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Manifestantes pediram justiça ontem em frente à Associação Mutual Israelita Argetina (Amia), alvo do atentado em 1994 | Marcos Brindicci/Reuters
Manifestantes pediram justiça ontem em frente à Associação Mutual Israelita Argetina (Amia), alvo do atentado em 1994| Foto: Marcos Brindicci/Reuters

Nova opinião

Morte de promotor é "operação contra o governo", diz Cristina

Folhapress

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, publicou ontem em seu site uma carta aberta na qual afirma que o promotor Alberto Nisman não cometeu suicídio e que a morte faz parte de um plano para desestabilizar seu governo.

Em um dos trechos, a presidente diz que "a denúncia do promotor Nisman nunca foi ela mesma a verdadeira operação contra o governo. Ela vai se derrubando logo. Nisman não sabia e provavelmente nunca soube. A verdadeira operação contra o governo era a morte do promotor depois de acusar a presidenta, seu chanceler, o secretário-geral da La Cámpora [organização militante kirchnerista] de serem encobridores dos iranianos acusados pelo atentado terrorista da Amia".

Kirchner começou o texto dizendo que a denúncia de Nisman contra ela é inócua e que o promotor foi enganado ao acreditar que duas pessoas que ele investigava eram espiões ligados à Casa Rosada quando, na verdade, não eram. A presidente argentina diz que não tem provas, mas não tem dúvidas de suas afirmações. Ela termina o texto insinuando que o dono da arma da onde saiu o disparo, um técnico de informática que trabalhou anos com o promotor Alberto Nisman, pode ser o autor.

As contradições e fios soltos nas explicações sobre a morte do promotor argentino Alberto Nisman se multiplicaram com a passagem das horas ontem, quarto dia de uma investigação judicial que avança com mais sombras do que certezas.

Horas depois de Nisman ser encontrado morto em casa com um tiro na cabeça, a Secretaria de Segurança argentina emitiu um comunicado que afirmava que a porta do apartamento do promotor estava fechada com chave por dentro quando foi achado.

No entanto, o chaveiro que foi na segunda-feira até o local, informou que não abriu a porta principal, como se pensava até o momento, mas a porta de serviço, que não estava trancada com chave e podia ser aberta com facilidade "por qualquer um".

A promotora que investiga o caso, Viviana Fein, declarou ontem que, segundo Garfunkel, a porta de serviço também era blindada e tinha duas fechaduras, uma que estava fechada com chave e que abriu com a cópia que possuía e outra que não estava fechada, mas estava com a chave na fechadura por dentro, aberta pelo chaveiro com ajuda de um arame.

Mesmo assim, os investigadores analisam se alguém pode ter entrado através de um terceiro acesso que comunica a casa de Nisman com um estreito corredor onde ficam os aparelhos de ar condicionados do edifício.

Embora Nisman tivesse sido ameaçado e contasse com proteção de dez homens da Polícia Federal, eles declararam que não faziam guarda 24 horas por dia, e nem em frente ao seu apartamento, mas na calçada do edifício.

Apesar das fortes medidas de segurança do prédio, as escadas não possuem câmaras de segurança. Além disso, o pessoal da guarda não revisou os pertences do colaborador de Nisman, Daniel Lagomarsino em sua visita sábado, quando ele entregou a pistola que o promotor tinha pedido emprestada. Até o momento, uma das poucas certezas é que a arma de onde saiu a bala que provocou a morte do promotor foi a emprestada por Lagomarsino e que foi localizada ao lado do corpo.

Embora a autópsia tenha determinado que não houve participação de terceiras pessoas na morte de Nisman, a ausência de pólvora em suas mãos impede por enquanto de determinar que ele se suicidou e deixa todas as hipótese abertas.

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