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Aquecimento global

Controle de natalidade ajudará clima, diz ONU

Estudo afirma que medidas contra mudanças climáticas serão ineficazes sem planejamento familiar

Além das indústrias, demografia contribui para aquecimento do planeta | Dan Riadhuber/Reuters
Além das indústrias, demografia contribui para aquecimento do planeta (Foto: Dan Riadhuber/Reuters)

Cidade do México - Uma população crescendo em ritmo menor é um dos fatores que podem contribuir para desacelerar o aquecimento global.

O alerta consta do relatório mundial do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), di­­vulgado ontem.

O documento também defende mais investimentos em saúde reprodutiva, para que cada família tenha melhores condições de planejar, livremente, o número de filhos desejados.

Hoje em 6,8 bilhões de habitantes, a população mundial deve chegar em 2050 a uma cifra entre 8 bilhões e 10,5 bilhões. Es­­te número dependerá das taxas de fecundidade, e um crescimento maior agravará o aquecimento global.

Um maior acesso à educação e a métodos contraceptivos diminuirá o ritmo de crescimento demográfico, especialmente em países emergentes, que tendem a aumentar suas emissões.

O relatório cita estudos que estimaram o impacto de um cres­­cimento populacional ma­­ior. Um deles, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, considera dois cenários para 2050: um com 8 bilhões de pessoas, e outro com 9,2 bilhões. No ce­­nário menos populoso, as emis­­sões de CO2 seriam entre 1 bilhão e 2 bilhões de toneladas menores.

Isso representa de 11% a 24% do total de 8,5 bilhões de toneladas de emissões globais de CO2 em 2007, segundo o Centro de Análise e Informação sobre Dió­­xido de Carbono.

O relatório reafirma, no en­­tanto, que as questões de saúde reprodutiva devem seguir as diretrizes da Conferência Inter­­nacional sobre População em Desenvolvimento, realizada em 1994, no Egito.

Com 179 países signatários do acordo, ela estabeleceu que é direito das populações terem acesso a serviços de saúde e educação, para que possam decidir, livremente, quantos filhos ter, e quando tê-los.

Como há forte correlação en­­tre mais escolaridade e menos filhos, o relatório sustenta que, ao serem atendidos esses direitos, o ritmo de crescimento po­­pulacional cairá naturalmente, sem medidas arbitrárias de controle da natalidade.

Refugiados

O aquecimento global também aumentará o número de migrantes em todo o mundo e exigirá de todos os países que estejam preparados para dar condições de vi­­da dignas a essas populações. Ape­­sar de não haver estatística so­­bre o número de pessoas que já se deslocam por consequências do aquecimento global, o relatório diz não haver dúvidas de que esse seja um movimento crescente.

Nas duas últimas décadas, diz o texto, os registros de desastres naturais passaram de cerca de 200 por ano para mais de 400. Sete em cada dez dessas tragédias foram, de alguma maneira, relacionadas com o clima. Elas afetam por ano cerca de 211 mi­­lhões de pessoas, número que só tende a crescer.

Segundo o relatório, o mais provável é que esses movimentos migratórios ocorram dentro dos próprios países ou em zonas de fronteiras. É o que já está acon­­tecendo, por exemplo, em montanhas andinas, responsáveis pelo abastecimento de água, pela agricultura, e geração de energia em várias cidades da Bolívia, Peru e Equador.

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