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Aliança entre ditaduras

Coreia do Norte confirma que enviou tropas para a Rússia: “Missão sagrada”

O ditador russo, Vladimir Putin, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-Un. (Foto: Gavril Grigorov/EFE/EPA)

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A Coreia do Norte confirmou pela primeira vez nesta segunda-feira (28) que enviou tropas para a Rússia para apoiar sua ofensiva contra a Ucrânia, sob o tratado de associação estratégica assinado com Moscou em junho de 2024.

A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA citou a Comissão Militar Central do Partido dos Trabalhadores dizendo que soldados norte-coreanos participaram da retomada da região de Kursk, cumprindo uma ordem direta do ditador Kim Jong-un.

A nota ecoa em grande parte a narrativa de propaganda do Kremlin, ao acusar a Ucrânia de invadir o território russo com o apoio de forças "imperialistas" ocidentais e descrever as tropas norte-coreanas como essenciais para a libertação da região e a "aniquilação das forças neonazistas".

O regime norte-coreano qualificou a operação em Kursk como uma vitória "da justiça sobre a injustiça" e um "novo capítulo na história da amizade militante" entre os dois países.

A agência citou Kim justificando a participação militar como uma "missão sagrada" para fortalecer a amizade com a Rússia e defender a honra nacional, e anunciando a construção de um memorial em Pyongyang para homenagear os mortos, bem como medidas estatais especiais para apoiar suas famílias, o que poderia representar uma confirmação indireta da existência de baixas entre os combatentes norte-coreanos.

A KCNA acrescentou que Kim ordenou pessoalmente a participação deles após concluir que a situação atendia às condições para acionar o Artigo 4 do tratado bilateral, que prevê assistência mútua em caso de guerra.

Por sua vez, o porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, Jeon Ha-kyu, disse em uma coletiva de imprensa em Seul que o reconhecimento oficial da Coreia do Norte de seu envolvimento na guerra na Ucrânia constitui a aceitação de um ato ilegal que viola a Carta da ONU e as resoluções do Conselho de Segurança.

Um funcionário da chancelaria sul-coreana criticou a Coreia do Norte e a Rússia por negarem repetidamente o envio de tropas, apesar das constantes evidências, para depois reconhecer publicamente e afirmar que isso está em conformidade com o direito internacional, como "um desrespeito à comunidade internacional", de acordo com a agência de notícias local Yonhap.

A confirmação oficial ocorre apenas dois dias depois de a Rússia reconhecer pela primeira vez o envolvimento de soldados norte-coreanos na frente de batalha, em uma videoconferência entre o presidente Vladimir Putin e o chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov.

Segundo comunicado do Kremlin, soldados do Exército Popular da Coreia atuaram "ombro a ombro" com tropas russas na operação, sendo elogiados pelo ditador Vladimir Putin por "defenderem nossa pátria como se fosse a deles". O ditador russo afirmou ainda que "o povo russo jamais esquecerá sua façanha" e prometeu honrar "os heróis coreanos que deram a vida por nossa liberdade comum". Por sua vez, Gerasimov, destacou a "ajuda significativa" recebida para derrotar forças ucranianas em Kursk.

A Coreia do Sul estima que mais de 10.000 soldados norte-coreanos foram enviados à Rússia em outubro, e que outros 3.000 se juntaram nos primeiros meses deste ano. Milhares de baixas norte-coreanas também foram relatadas, e dois soldados foram capturados vivos pelas forças ucranianas em janeiro, de acordo com imagens divulgadas por Kiev.

A aliança Pyongyang-Moscou se fortaleceu significativamente desde a assinatura do tratado em junho do ano passado, com relatos apontando para uma troca de apoio militar por recursos econômicos, em meio às sanções internacionais enfrentadas pelo regime norte-coreano.

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