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A Coreia do Sul disse na quarta-feira que em breve anunciará planos para interceptar um suposto comércio ilícito de armas para Coreia do Norte, que na véspera decidiu abandonar as negociações de desarmamento nuclear e reativar uma fábrica de plutônio enriquecido.

As medidas de Pyongyang são uma reação a uma declaração do Conselho de Segurança da ONU condenando o lançamento de um foguete pelo o país, há dez dias. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), seus inspetores receberam ordens para deixar a usina nuclear de Yongbyon.

Acostumados à retórica beligerante da Coreia do Norte, os mercados financeiros da Ásia ignoraram as novas manobras do regime, que já havia ameaçado anteriormente abandonar as negociações e expulsar inspetores.

Mas, numa medida que deve agravar as sanções, Seul deve formalizar nos próximos dias sua adesão às atividades, lideradas pelos EUA, de interceptação de carregamentos suspeitos de conterem peças ou equipamentos para armas de destruição em massa. Pyongyang diz que tal ação seria considerada uma declaração de guerra.

O plano, chamado Iniciativa de Segurança da Proliferação, já conta com a participação de 94 países. Ele permitiria que a Coreia do Sul abordasse navios norte-coreanos em suas águas territoriais, quando houvesse suspeita de transporte de material ilícito.

Em sua declaração após o lançamento do foguete, o Conselho de Segurança da ONU não falou em novas sanções contra o regime, mas cobrou uma implementação mais rígidas das punições impostas ao país em 2006, por causa testes com um míssil de longo alcance e de uma bomba atômica.

A Coreia do Norte há anos usa a ameaça militar para chamar a atenção do mundo e obter concessões de potências regionais. Analistas dizem que, ao usar tal cartada no começo do governo de Barack Obama nos EUA, o país o força a tomar decisões cruciais sobre como conduzirá suas relações com Pyongyang.

Para Ken Boutin, especialista em segurança da Escola de Estudos Internacionais e Políticos da Universidade Deakin (Austrália), o governo Obama "não pode se dar ao luxo de ignorar isso".

"Os norte-coreanos tradicionalmente são muito afeitos ao confronto em sua política externa e têm buscado gerar influência ao sustentar posições aparentemente inflexíveis, das quais podem posteriormente recuar quando recebem os incentivos adequados", disse Boutin por email à Reuters.

A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, criticou a expulsão dos inspetores da ONU, qualificando-a como uma provocação desnecessária, mas disse que seu país está disposto a dialogar.

"Obviamente esperamos que haja uma oportunidade de discutir isso não só com nossos parceiros e aliados, mas eventualmente com os norte-coreanos", disse Hillary em Washington.

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