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Londres (AFP) – O corpo de Jean Charles de Menezes, morto em Londres por policiais à paisana que suspeitaram que o brasileiro fosse um terrorista, será enviado ao Brasil na noite de hoje, em um vôo da Varig, e deve chegar amanhã de manhã. Menezes, um eletricista de 27 anos, morreu após receber oito tiros, sete deles na cabeça, na estação de metrô de Stockwell, sul de Londres, na sexta-feira. Ele foi baleado no dia seguinte a uma segunda onda de ataques com bombas à capital britânica. O vôo que trará o corpo sairá de Londres com destino a São Paulo e depois seguirá para Belo Horizonte.

A organização de defesa dos direitos do homem Anistia Internacional exigiu ontem uma "investigação exaustiva" sobre as circunstâncias da morte "trágica" do brasileiro, em Londres. "A investigação deve ser rápida, exaustiva, independente e imparcial", diz um comunicado da organização, com sede na capital britânica.

A Anistia Internacional deseja determinar que tipo de norma permite que se "atire para matar", se as suspeitas eram suficientes e se os policiais tinham entrado em contato com um superior antes de atirar. Esta investigação deve determinar, com certeza, se foi lícita a ação da qual resultou a morte, insiste a organização.

Já o embaixador britânico no Brasil, Peter Collecott, pediu desculpas aos brasileiros pela morte de Jean Charles de Menezes, atingido por erro durante uma operação antiterrorista. Collecott classificou o fato como uma "tragédia". O embaixador frisou, no entanto, que esse "fato lamentável" não modificará a decisão do governo de seu país de enfrentar o terrorismo, e pediu compreensão já que "há terroristas suicidas nas ruas de Londres".

Indenização

A respeito do pagamento de uma eventual indenização aos pais da vítima, o diplomata não quis revelar a quantia, limitando-se a dizer que "não é uma questão do governo britânico, e sim da polícia, e isso é algo que deve ser discutido entre a polícia britânica e a família". O diplomata reafirmou que o governo britânico está decidido a realizar uma investigação "rápida e independente" sobre a morte do brasileiro. Collecott assegurou também que o governo britânico respeita "zelosamente" as normas internacionais dos direitos humanos apesar da luta contra o terrorismo.

Ontem integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organizaram uma manifestação pacífica diante da embaixada da Grã-Bretanha, em Brasília, colocando flores e velas acesas na frente da grade que cerca a sede da representação diplomática. Os cartazes classificavam a atitude da polícia como "covardia" e pediram a retirada de tropas britânicas do Iraque. Os grupos que assumiram os atentados de 7 e 21 de julho contra Londres dizem que os ataques são uma represália pelo apoio britânico à ocupação norte-americana no Iraque.

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