Uma corte de apelação iraquiana manteve nesta terça-feira a pena de morte contra o primo de Saddam Hussein conhecido como "Ali Químico" por ter idealizado uma campanha genocida contra iraquianos curdos na década de 1980.
A corte de nove membros afirmou que a sentença de morte contra Ali Hassan al-Majeed será cumprida nos próximos 30 dias.
A corte manteve também as penas de morte contra Sultan Hashim, ex-ministro da Defesa de Saddam, e Hussein Rashid, ex-vice-comandante de operações do Exército do Iraque, disse o promotor chefe Munkith al-Fatlawi.
Os curdos vinham buscando justiça pela campanha Anfal, que deixou marcas em sua região montanhosa. Promotores dizem que até 180 mil pessoas foram mortas nos sete meses de operação em 1988.
Majeed era visto como o principal comandante de Saddam. Ele ganhou fama pela brutalidade e teve papel importante também na repressão de uma rebelião xiita no sul, depois da Guerra do Golfo de 1991.
Durante a campanha Anfal, milhares de aldeias foram declaradas "áreas proibidas", bombardeadas e destruídas. Milhares de pessoas foram deportadas e executadas.
Majeed, que tem mais de 60 anos, admitiu durante seu julgamento recente que mandou as tropas executarem curdos que ignoraram ordens de abandonar aldeias, mas não para usarem gás venenoso.
A decisão da corte acontece no dia seguinte em que o presidente americano, George W. Bush, fez uma visita surpresa às tropas dos EUA no Iraque. Acompanhado da secretária de Estado, Condoleezza Rice, do conselheiro de segurança nacional, Steven Hadley, e do secretário de Defesa, Robert Gates, o presidente reuniu-se com o comandante David Petraeus e o embaixador Ryan Crocker para ouvir de primeira mão a avaliação que será apresentada ao Congresso no próximo dia 11 de setembro sobre a estratégia da Casa Branca - que neste ano elevou o contingente no Iraque de 130 mil para 160 mil soldados.
Foi a terceira visita do líder americano ao Iraque desde 2003, quando uma ofensiva militar derrubou o ex-ditador Saddam Hussein. No mesmo dia, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ordenou que as tropas britânicas deixassem os palácios presidenciais da cidade de Basra, no sul do Iraque. A retirada do complexo do antigo palácio de Saddam Hussein, que tem sido alvo de ataques diários de morteiros e foguetes de militantes xiitas, é considerada um passo rumo à entrega de toda a província de Basra aos iraquianos - prevista para ocorrer até o fim deste ano - e de um eventual fim da presença das tropas britânicas no Iraque.


