
A urbanização acelerada das metrópoles latino-americanas e caribenhas, apontada pelo relatório da ONU-Habitec, teve como consequência o aumento no número de favelas. Segundo o documento divulgado há dois dias, que apresenta dados defasados (leia mais nesta página), 111 milhões de pessoas vivem nesse tipo de moradia, o que corresponde a um quarto da população.
Para Regiane Bressan, professora de Direito Internacional das Faculdades Rio Branco, os dados assustam. "O número revela que a urbanização sem acompanhar investimento e políticas de desenvolvimento por parte do estado não é positivo", diz.
As favelas são apontadas por Regiane como um problema muito grande. "São espaços que concentram população pobre sem infraestrutura, com baixas condições de educação e atendimento à saúde. Por isso temos uma sociedade desigual."
Evolução
De acordo com Friedmann Wendpap, professor de Direito Internacional da Universidade Tuiuti do Paraná e colunista da Gazeta do Povo, os números são alarmantes, mas podem representar uma evolução. "A vida urbana é boa para as pessoas. Quem vive em favelas possui uma perspectiva de ascender socialmente que não encontraria no campo", observa.
Segundo o professor, o melhor exemplo é lembrar que as favelas urbanas são povoadas por pessoas que moravam, antes, em taperas de varas trançadas no barro, como num cenário do personagem Jeca Tatu, criado por Monteiro Lobato.
"É horrível que exista tanta gente nas favelas, mas a urbanização é algo irreversível. A situação dessas pessoas vai melhorar conforme o estado incorpore esses espaços de moradia mais pobre."
O relatório contrasta o número de moradores em favelas em diversos países. Haiti é o pior e tem cerca de 70% de sua população vivendo en casebres improvisados. O Suriname, no outro extremo da lista, tem menos de 5%.
O Brasil fica um pouco acima da média, de 24%, com quase 30% de sua sociedade vivendo nessas moradias.



