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Exploração de trabalho

Crianças trabalham à noite na China para produzir dispositivos da Amazon

Dispositivo Echo Dot, da Amazon
Dispositivo Echo Dot, da Amazon (Foto: Pixabay)

Centenas de crianças em idade escolar foram empregadas na China para fabricar dispositivos para o assistente virtual Alexa, da Amazon, revelou uma investigação publicada na quinta-feira (8) no jornal britânico The Guardian.

Documentos vazados e entrevistas com funcionários revelaram que a Foxconn, fornecedora da Amazon, exigia que as crianças trabalhassem durante à noite e em horas extras para cumprir metas de produção dos dispositivos, descumprindo leis trabalhistas chinesas.

Um dia depois da publicação da reportagem do jornal britânico, a Foxconn, que também fabrica produtos para a Apple e outras empresas, admitiu que os estudantes foram empregados ilegalmente em suas fábricas na China e afirmou que está tomando medidas imediatas para consertar a situação.

De acordo com os documentos, os adolescentes, selecionados em escolas e escolas técnicas, são classificados como "estagiários", e seus professores são pagos pela fábrica para acompanhá-los. A fábrica pede aos professores que incentivem os alunos que não querem cooperar a aceitar trabalhar em horários além do expediente normal.

Os estudantes trabalham na fabricação dos dispositivos Echo e Echo Dot, que são compatíveis com a assistente virtual Alexa, e do leitor de livros eletrônicos Kindle. Eles são contratados para complementar o quadro de funcionários durante períodos de alta produção. Mais de mil estudantes de 16 a 18 anos são empregados, segundo o Guardian.

Na China, estudantes a partir de 16 anos podem trabalhar em fábricas, mas não são autorizados a trabalhar à noite ou além do expediente.

Em um comunicado, a Foxconn afirmou que dobrou a vigilância sobre o programa de estágio "para garantir que, sob nenhuma circunstância, os estagiários sejam autorizados à trabalhar à noite ou em horas extras".

A empresa disse ainda que houve casos no passado em que a "supervisão negligente por parte da equipe de gerenciamento local permitiu que isso acontecesse e, embora os estagiários afetados recebessem os salários adicionais referentes a esses turnos, isso não é aceitável". No entanto, a Foxconn defendeu o uso de estudantes em sua linha de produção, alegando que o trabalho oferece uma oportunidade de ganhar experiência em várias áreas.

Um porta-voz da Amazon, que é de propriedade de Jeff Bezos - a pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna avaliada em mais de US$ 100 bilhões - disse que a empresa não toleraria violações do seu código de conduta de fornecedores, e que usa auditores independentes para monitorar o cumprimento das normas.

Adolescentes que falaram com pesquisadores disseram que o trabalho que desempenham na fábrica não tem relevância para os seus cursos. Uma estudante de 17 anos que estuda computação e trabalha na fábrica desde o mês passado contou que a sua tarefa é aplicar uma película protetora em cerca de 3.000 Echo Dots por dia. Ela disse ainda que trabalha dez horas por dia, seis dias por semana.

"Eu tentei falar ao meu supervisor que eu não queria trabalhar horas extras. Mas o gerente notificou o meu professor e o professor disse que se eu não trabalhasse nas horas extras, eu não poderia fazer estágio na Foxconn e isso afetaria a minha candidatura a graduação e a bolsas na escola", disse a adolescente.

Os documentos foram vazados para a organização de direitos do trabalho China Labor Watch e compartilhados com o jornal The Guardian.

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