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Ucrânia

Crimeia pressiona jornalistas na cobertura do referendo

Aviso dado a profissionais diz que eles são “obrigados a informar objetivamente” e “a não distribuir material de natureza negativa”

Tártaros crimeanos participam de oração na mesquita de Bakhchisaray, na região que fará referendo amanhã | David Mdzinarishvili/Reuters
Tártaros crimeanos participam de oração na mesquita de Bakhchisaray, na região que fará referendo amanhã (Foto: David Mdzinarishvili/Reuters)
Homem caminha por rua de Simferopol, na região da Crimeia |

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Homem caminha por rua de Simferopol, na região da Crimeia

O governo da península da Crimeia diz que os jornalistas credenciados para cobrir o referendo amanhã são "obrigados" a "não distribuir material de natureza negativa".

É o que informa o aviso de um credenciamento aos profissionais que pretendem cobrir os locais de votação.

Segundo o texto, o jornalista credenciado é "obrigado" (termo usado pelo governo) a informar "objetivamente o seu público sobre a votação".

"Na sua atividade profissional utilizar os fatos documentados, em conformidade com as normas geralmente aceitas de ética jornalística, e não distribuir materiais de natureza negativa", afirma.

O credenciamento é organizado por uma comissão da República Autônoma da Crimeia que cuidará do referendo que votará a independência em relação à Ucrânia e, ao mesmo tempo, a anexação do território à Rússia.

O governo não deixa claro se os jornalistas que optarem por não fazer esse credenciamento, encerrado oficialmente ontem, terão acesso aos locais de votação amanhã.

O referendo tem sido marcado pelo protesto de jornalistas contra a suposta intimidação na Crimeia por parte de forças pró-Rússia. Na quinta-feira, um jornalista francês, do Canal +, passou horas detido em Simferopol, capital da península.

A entidade Repórteres Sem Fronteiras tem protestado contra o controle do trabalho jornalístico na região. Segundo a ONG, duas jornalistas ucranianas foram libertadas no começo da semana após serem presas.

O clima nas ruas mantém-se tenso, mas sem relatos de confronto ou violência. Os chamados "cossacos", homens desarmados vestidos de soldados do Império Russo, continuam protegendo o Parlamento e a sede do primeiro-ministro local, aliado do presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Contexto

Crimeia foi anexada à Ucrânia em 1954, na formação da URSS

A Crimeia, cuja população é de maioria russa, foi anexada à Ucrânia em 1954, na formação da União Soviética (URSS) e manteve-se nesta situação durante a independência ucraniana em 1991.

Há poucas semanas, políticos pró-Rússia tomaram o poder da península em protesto contra a queda do presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, aliado de Putin.

Logo depois, declararam decisão de se anexar à Rússia, convocando o referendo para amanhã.

A consulta pública tem sido considerada ilegal pelo novo governo da Ucrânia e por potências ocidentais, como os Estados Unidos e membros da União Europeia.

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