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Cartaz utilizado durante um protesto na Venezuela em 2022
Cartaz utilizado durante um protesto na Venezuela em 2022| Foto: EFE/ Rayner Peña R.

A situação dos hospitais na Venezuela é alarmante neste momento. Segundo a Encuesta Nacional de Hospitales (Pesquisa Nacional Hospitalar, na tradução livre), da organização venezuelana Médicos pela Saúde, em fevereiro deste ano, o índice de desabastecimento de insumos básicos nos centros cirúrgicos dos hospitais venezuelanos foi de 73%, e nos centros de emergências, 36%.

Segundo a pesquisa, esse desabastecimento afeta diretamente a capacidade dos hospitais de atender pacientes que necessitam de intervenções cirúrgicas imediatas.

Entre os recursos mais escassos, de acordo com o levantamento, estão coberturas de cama, vestimentas especiais para operações, inaladores e respiradores, analgésicos potentes, como morfina, e analgésicos mais básicos.

Remédios para o controle da hipertensão também estão sofrendo com a escassez. Segundo a pesquisa, cerca de 50% dos hospitais da Venezuela recebem anti-hipertensivos de forma intermitente e 18% não estão recebendo nenhum medicamento do tipo.

O levantamento destaca que os problemas evidenciados são indícios contundentes da falta de medidas eficazes que poderiam ter sido tomadas pelo regime venezuelano para reverter o cenário caótico que assola a saúde pública do país.

Pacientes são obrigados a comprar os insumos

A pesquisa também mostrou que a crise tem obrigado os pacientes a adquirirem por conta própria os insumos básicos para a realização de cirurgias, medida que tem impactado severamente suas economias e ocasionado atrasos em certos tratamentos.

Segundo mostrou o levantamento, um venezuelano precisa de pelo menos US$ 81, o que equivale a mais de 22,5 salários mínimos no país, para custear os insumos necessários para uma operação realizada em um hospital público. Tal medida reflete a gravidade da situação de crise sanitária que o país enfrenta.

Ao que parece, a falta de insumos é apenas uma parte dos problemas que os hospitais venezuelanos enfrentam. Em janeiro deste ano, havia apenas quatro centros cirúrgicos funcionando em cada centro médico do país, quando, segundo a pesquisa da Médicos pela Saúde, o ideal seria entre 10 e 15 para cada hospital. Essa diminuição no número de centros cirúrgicos estaria resultando em longas listas de espera e meses de aguardo para a realização de cirurgias.

A situação também parece ser crítica nos serviços de tomografia e ressonância magnética. Em outubro de 2023, a pesquisa da Médicos pela Saúde já havia apontado que 84% dos centros especializados nestes serviços já haviam sido fechados nos hospitais do país.

O fechamento desses centros forçou vários pacientes a recorrerem ao setor privado, onde os exames, segundo a organização, podem custar de US$ 100 a US$ 500, valores considerados como inacessíveis para a maioria da população.

A crise no setor de saúde também é exacerbada pela emigração de médicos venezuelanos. De acordo com a Federação Médica Venezuelana, cerca de 42 mil médicos deixaram o país nos últimos anos, o que gerou um déficit de profissionais desse setor na Venezuela, um triste problema que está colocando em risco a vida de diversos pacientes.

Nos últimos anos, a federação também afirmou que médicos que tentaram denunciar a situação de crise no país enfrentaram perseguição e foram presos, o que evidenciou uma “agressão permanente” do regime de Nicolás Maduro contra aqueles profissionais que exigiam melhores condições nos hospitais públicos.

Segundo o presidente da federação, Douglas León Natera, com todos esses problemas, a recuperação do setor exigiria pelo menos 10 anos e investimentos consideráveis.

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