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A crise política libanesa se agravou nesta segunda-feira com a demissão do ministro do Meio Ambiente, Yacoub Sarraf, que é próximo ao presidente pró-sírio Emile Lahoud. Esta informação foi divulgada pouco antes de o gabinete discutir a criação de um tribunal especial para julgar os suspeitos pelo homicídio do ex-primeiro-ministro Rafik Al Hariri.

O projeto de criação do tribunal foi aprovado logo em seguida.

Yacoub Sarraf, um cristão grego-ortodoxo, tornou-se o sexto ministro a abandonar o governo do premier Fouad Siniora, após a recente demissão dos cinco ministros que representam os grupos xiitas Amal (Esperança) e Hezbollah (Partido de Deus).

A maioria anti-síria acusa o Hezbollah de implementar um plano sírio-iraniano para derrubar o governo, apoiado pelo Ocidente, e impedir a criação do tribunal que julgaria os assassinos de Hariri.

"Não posso me ver como parte de uma autoridade constitucional que carece de representatividade para toda uma seita religiosa, e por meio desta apresento minha renúncia do governo", disse Sarraf, em carta ao primeiro-ministro.

O presidente Lahoud se opôs à reunião ministerial desta segunda-feira, dizendo que ela seria inconstitucional depois das demissões. Siniora minimizou as objeções do presidente e disse que a reunião seria mantida.

"O complô oculto foi revelado. É um complô sírio-iraniano para lançar um golpe contra a legitimidade, impedir o estabelecimento de um tribunal internacional e prejudicar a resolução 1701 [da ONU, que encerrou a guerra deste ano entre Israel e o Hezbollah]", disse nota da maioria anti-síria da coalizão.

Os EUA já haviam acusado Irã, Síria e Hezbollah de tramarem contra o governo libanês, que Washington aponta como exemplo de democracia emergente no Oriente Médio.

O Hezbollah diz que não pretende impedir a criação do tribunal, mas que gostaria de discutir detalhes. O grupo xiita anunciou no domingo manifestações nas ruas como parte da sua campanha por melhor representação no governo. Os líderes anti-sírios decidiram realizar contramanifestações caso o Hezbollah leve a crise para as ruas. Há temores de confrontos e violência, pois a tensão entre xiitas e sunitas já é crescente.

Muitos libaneses culpam a Síria pela morte de Hariri. Damasco nega envolvimento.

O crime, em fevereiro de 2005, provocou enormes manifestações anti-sírias nas ruas do Líbano. Sob pressão libanesa e internacional, Damasco acabou encerrando 29 anos de presença militar no país vizinho.

Uma comissão da ONU que investiga o atentado apontou envolvimento de altos funcionários de segurança libaneses e sírios.

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