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A caça aos autores do filme de baixo orçamento anti-islâmico que desatou uma onda de violentos protestos no Oriente Médio apontavam, esta sexta-feira (14), para um ex-presidiário copta, uma organização cristã da Califórnia e um diretor de cinema pornô.

O filme "A Inocência dos Muçulmanos" foi produzido por um grupo sediado na Califórnia denominado Media for Christ, presidido pelo egípcio cristão Joseph Nassralla Abdelmasih, disse à AFP um funcionário da indústria em Los Angeles.

Enquanto isso, o homem que aparentemente está por trás da produção é o ex-presidiário Nakula Basseley, sentenciado em 2009 por fraude bancária e agora sob investigação por violar os termos de sua condicional ao usar a internet, informaram fontes do governo esta sexta.

"O assunto está sob revisão", disse à AFP um porta-voz do escritório administrativo de tribunais americanos em Washington.

Por último, o filme aparentemente foi rodado por Alan Roberts, um diretor de filmes pornográficas baratas, de 65 anos, segundo o site Gawker.

A AFP viu a convocação para atores participarem do elenco de um filme denominado "Desert Warriors" (Guerreiros do Deserto) - título com que a fita explosiva foi rodada. A convocação aponta Alan Roberts como o diretor.

Segundo o site Gawker, Roberts foi contatado por um homem chamado "Sam Bacile", um codinome pelo qual, aparentemente, responde o egípcio cristão Nakula Basseley e que tem sido apontado desde a quarta-feira como o produtor.

A equipe e o elenco insistem em que não conheciam o conteúdo anti-islâmico da fita, que foi toscamente dublada para inserir as palavras "Maomé" e "Corão".

Em seguida, o filme foi promovido por coptas e evangélicos anti-islâmicos de direita, como o egípcio americano Morris Sadek e o pastor da Flórida (sudeste) Terry Jones, famoso por queimar publicamente exemplares do Corão, livro sagrado do Islã.

Até o momento, o ativista cristão anti-islâmico Steve Klein foi o único que admitiu publicamente sua participação no filme, ao declarar à AFP que colaborou com os realizadores.

"A Inocência dos Muçulmanos" foi projetado uma única vez este ano em Hollywood, mas seu trailer online desatou protestos no Oriente Médio e no norte da África esta semana, em meio aos quais morreram, na terça-feira, o embaixador dos Estados Unidos na Líbia, Chris Stevens, e outros três americanos.

Embora o filme não viole nenhuma lei dos Estados Unidos, país que defende a liberdade de expressão, o produtor Nakula Basseley poderá enfrentar problemas.

Identificado pela mídia, sem confirmação oficial, como o responsável pela produção, Nakula foi declarado culpado em 2010 de fraude bancária e sentenciado a 21 meses de prisão.

Também teve proibidos o uso de computadores e da internet por cinco anos sem autorização prévia e multado em 790.000 dólares.

O departamento federal de liberdade condicional de Los Angeles está "revisando" se Nakula, de 55 anos, violou sua condicional ao usar a internet. Neste caso, poderá voltar para a prisão.

Sua casa, no subúrbio de Cerritos, ao sul de Los Angeles, está cercada desde a quarta-feira por policiais e jornalistas, mas Nakula não deu declarações e as autoridades não dão informações sobre o caso.

No entanto, a permissão de produção do filme está em nome da organização Media for Christ, disse à AFP Paul Audley, presidente da LA Films, organismo encarregado de emitir licenças de filmagem no condado de Los Angeles.

A cidade emitiu em nome do grupo uma licença para filmar em locações externas no vale Santa Clarita em 18 de agosto de 2011 na produção de uma fita com o título "Desert Warriors" (Guerreiros do Deserto).

O presidente da Media for Christ, que se dedica a "fazer brilhar a luz de Jesus" no mundo é o imigrante egípcio Joseph Nassralla Abdelmasih.

A organização cristã tem sede na localidade de Duarte, 45 km ao leste de Los Angeles, confirmou à AFP uma funcionária da cidade.

Autoridades do condado pediram à LA Films que entregassem a licença de filmagem para evitar que vazasse à imprensa por razões de segurança, disse Audley.

"Não tenho mais a permissão (...), mas o prefeito de Duarte aparentemente viu uma cópia e confirmou que a Media for Christ é a companhia produtora", disse Audley.

"Mas sei pessoalmente porque olhei (a permissão) antes que a tirassem de nós, que o produtor era Sam Bossil", acrescentou o funcionário.

Bossil é um dos pseudônimos atribuídos a Nakula.

O site da Media for Christ, assim como sua página no Facebook saíram do ar esta sexta-deira, após a multiplicação de reportes sobre sua responsabilidade no filme.

A AFP pôde comprovar que a casa de Nakula em Cerritos é a mesma que aparece no trailer do filme online.

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