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Cristina Kirchner
A vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, fala a simpatizantes em 27 de agosto.| Foto: EFE/ Juan Ignacio Roncoroni

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, reapareceu nesta sexta-feira (4) em seu primeiro grande ato público desde o atentado que sofreu há dois meses. Aclamada aos gritos de "Cristina presidenta", declarou que é possível repetir a "bonança" de seus dois mandatos (entre os anos de 2007-2015) e pediu o fim da "mentira dos indignados de aluguel", em alusão ao possível envolvimento de apoiadores da gestão de Mauricio Macri no financiamento de atos contra o governo.

“Vou fazer o que tiver que fazer para que nosso povo, nossa sociedade, possa se organizar em um projeto de país que recupere mais uma vez a esperança, a força e a alegria de nossa gente”, declarou ao final de um discurso de mais de 40 minutos no ato de encerramento dos congressos regionais da União dos Metalúrgicos (UOM), na cidade de Pilar, na província de Buenos Aires, com um forte esquema de segurança.

Em seu discurso, Cristina defendeu tanto sua gestão quanto a do marido, o falecido Néstor Kirchner (2003-2007), e listou conquistas de ambos os governos. "Recuperamos a classe média na Argentina. É possível fazer isso porque já fizemos", disse Cristina, que ainda culpou o governo de Mauricio Macri (2015-2019) pela atual situação do país, que enfrenta inflação de 85% e taxa de pobreza em 39,5%.

Ela voltou às tentativas de ser distanciar do atual presidente, Alberto Fernández, ao solicitar que o Executivo do país estabeleça uma verba fixa para os trabalhadores: "o governo tem de intervir na distribuição de renda como fizemos durante os nossos governos". Por outro lado, destacou algumas vezes no discurso o "grande esforço" do ministro da Economia, Sergio Massa, que assumiu o cargo após a crise causada pelas saídas dos antecessores Martín Guzmán, fortemente criticado por ela, e Silvina Batakis.

Cristina Kirchner falou em "necessidade de um consenso econômico" entre partidos políticos, sindicatos e confederações empresariais para se "discutir à mesa o modelo de país para sair da economia bimonetária".

A vice-presidente argentina voltou a subir em um palanque com plateia pela primeira vez desde 1º de setembro, quando sofreu uma tentativa de assassinato, pela qual três pessoas estão detidas.

Cristina rememora atentado e fala em mandantes macristas

Também nesta sexta, Cristina Kirchner apontou "empresários ligados ao macrismo", em referência ao ex-presidente Mauricio Macri, como mandantes do atentado que sofreu há dois meses. "Esses supostos indignados e indignadas que agrediram, que insultaram, que jogaram tochas acesas na Casa Rosada (sede do Executivo) não eram indignados. Eram pessoas pagas por empresários que se identificavam com o governo anterior", afirmou a vice-presidente.

Cristina disse ainda que pessoas que se manifestam contra a gestão atual "recebem milhões de pesos para isso", apesar de reconhecer, posteriormente, que "não significa que não haja pessoas indignadas [de fato] com o que está acontecendo" no país.

Durante seu discurso no ato de metalúrgicos, Cristina rememorou o ataque que sofreu em meio a manifestações nas portas de sua casa após pedido de condenação a 12 anos de prisão por suposta corrupção nos dois mandatos em que foi presidente. A hoje vice-presidente declarou não ter percebido a movimentação do autor do atentado ou a presença da arma de fogo, que pôde ser notada nas filmagens de equipes televisivas. "Não percebi a arma que eles empunhavam e que pretendiam, de fato, estourar minha cabeça", discursou. Além disso, comentou que está "resignada" com a Justiça: "ela não vai investigar nada porque eu sirvo como réu, mas não como vítima desse partido judicial".

A Justiça argentina, além de indiciar os autores materiais do atentado de 1º de setembro, processou em outro caso quatro jovens integrantes do grupo Revolução Federal, conhecidos por suas críticas ao governo e ameaças à vice-presidente.

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