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Primeira versão da moeda em euro que será distribuída na Croácia, em 18 de julho de 2022.
Primeira versão da moeda em euro que será distribuída na Croácia, em 18 de julho de 2022.| Foto: EFE/EPA/CROATIAN NATIONAL BANK

A Croácia será o 20º membro da zona do euro a partir de janeiro de 2023. A aprovação da entrada do país foi concluída pela União Europeia no último dia 12. O país tem, então, os próximos meses para se preparar para a conversão que terá como taxa de conversão um euro para 7,53450 kunas croatas em 1º de janeiro.

Entre vantagens e desvantagens dessa mudança, o país deverá perder autonomia em sua política econômica e ganhar a estabilidade e a credibilidade de uma das moedas mais importantes do sistema financeiro mundial. Para o euro, receber mais um país é reforçar a importância da moeda em um importante cenário geopolítico.

Vantagens: controla a inflação e incentiva o turismo 

Apesar da atual desvalorização do euro por causa do desabastecimento de gás, da guerra na Ucrânia e da crise econômica mundial, o euro ainda é um bom negócio, conforme conclui o economista e internacionalista Igor Lucena. “A tendência agora é de expansão das exportações europeias”, destaca.

Além disso, nos últimos 20 anos, o euro tem sido a segunda moeda mais transacionada e a segunda mais utilizada como meio de reserva internacional. "A Croácia se tornar o vigésimo país a aderir à moeda significa que o euro continua sendo atraente, resiliente e bem sucedido”, ressalta Lucena.

Países como Itália, Portugal e Espanha, que possuíam uma inflação estrutural, ao entrarem na zona do euro tiveram uma retração histórica dos índices inflacionários.

“Os países da zona do euro tendem a ter uma convergência das taxas de inflação, ainda que sejam processos mais a longo prazo”, explica Marcelo Curado, professor de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Além disso, entrar na zona do euro contribui para o setor de turismo, do qual o país é dependente e que está em crescimento na região. “Para uma economia pequena como a da Croácia, que depende do turismo e que tem visto crescer o fluxo turístico, pode ser bastante benéfico. Vai facilitar o movimento de turistas para o país”, aponta o professor.

Desvantagens: impede autonomia  

Para ganhar essa estabilidade do euro, no entanto, a Croácia abre mão da sua autonomia na política econômica. “Quando o país está com um nível de atividade econômica muito baixo, um caminho é reduzir a taxa de juros, para aumentar essa atividade. Mas quando você está numa comunidade monetária você não pode fazer isso. Delega-se ao Banco Central Europeu a execução da política monetária, então você fica mais rígido e perde instrumentos de política econômica”, ressalta Curado.

Ainda segundo o professor, o maior risco para a Croácia dentro do euro seria diante de uma grande valorização da moeda, caso a produtividade local não crescesse na mesma velocidade. “O país poderia ficar muito caro para os próprios croatas”, conclui.

Conforme aponta João Alfredo Nyegray, coordenador de Comércio Exterior e professor de Negócios Internacionais e Geopolítica na Universidade Positivo, uma série de países tiveram problemas ao entrar na zona do euro, pois suas instituições econômico-financeiras não eram fortes o suficiente para o alinhamento com a União Europeia.

“Foi o caso da Grécia que, com a crise de 2008, acabou causando uma desvalorização da moeda. Os gregos acabaram mais prejudicados do que os outros países do bloco naquela ocasião”, lembra Nyegray.

Alinhamento com o bloco 

O professor reforça que, após esse episódio, mecanismos de controle e supervisão foram criados na zona do euro. Dessa forma, a aprovação da Croácia revela que o país está de acordo com os padrões estipulados pelos vizinhos europeus de estabilidade de preços e na taxa de câmbio, finanças públicas sólidas e taxas de juros de longo prazo.

“Hoje, os croatas possuem uma legislação e uma economia compatíveis com os padrões da União Europeia. Trata-se de um país com estabilidade de preços e déficit fiscal controlado”, destaca.

Apesar de pequena, a economia croata é aberta e está em 79º lugar no Índice de Liberdade Econômica do Heritage Foundation (no mesmo ranking, o Brasil está em 143º).

O país que fica no sudeste da Europa é independente da Iugoslávia desde 1991 e entrou na UE em 2013. A vizinha Eslovênia, também uma ex-República iugoslava, adotou o euro em 2007.

Com a entrada da Croácia, dos 27 países da União Europeia, apenas Bulgária, Polônia, Romênia, Hungria, República Tcheca e Suécia não adotaram a moeda.

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