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AMÉRICA LATINA

Cuba desiste de artigo sobre casamento gay em nova constituição

Após forte oposição no país, artigo que abriria caminho para casamento entre pessoas do mesmo sexo foi retirado da proposta de Constituição

Mariela Castro, filha do ex-presidente de Cuba Raul Castro e diretora do Centro Nacional Cubano de Educação Sexual participa da parada do Orgulho Gay em Havana, 12 de maio de 2018 | YAMIL LAGE / AFP
Mariela Castro, filha do ex-presidente de Cuba Raul Castro e diretora do Centro Nacional Cubano de Educação Sexual participa da parada do Orgulho Gay em Havana, 12 de maio de 2018 (Foto: YAMIL LAGE / AFP)

Cuba decidiu abandonar mudanças em sua nova constituição que abririam caminho para a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A decisão foi motivada pela opinião contrária da maioria da população ao casamento gay manifestada em consultas populares, informou nesta terça-feira (18) a agência de notícias oficial de Cuba.

O projeto da Constituição da República de Cuba, aprovado pelo Congresso em julho, trazia o artigo 68, que reconhece o casamento como a união voluntariamente acordada entre “duas pessoas” com capacidade legal para isso. O texto substituiria o conceito vigente de casamento “entre homem e mulher”, da Constituição de 1976. 

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O artigo que abriria o caminho para o casamento entre pessoas do mesmo sexo no país foi o que mais gerou comentários dos cidadãos durante o processo de consulta popular, segundo o Conselho de Estado de Cuba. A maioria das propostas foram para manter o artigo como aparece na constituição vigente, ou seja, que reconhece o casamento apenas entre um homem e uma mulher. 

A comissão encarregada do texto constitucional propôs um novo artigo que define o casamento “como uma instituição social e jurídica”, que ficará nas mãos do Código da Família, o qual “deverá estabelecer quais podem ser os sujeitos desse matrimônio e realizar uma consulta popular e referendo em um prazo de dois anos”, segundo a Assembleia Nacional. 

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A nova proposta, já com as mudanças, será levada para aprovação na Assembleia Nacional nesta sexta-feira (21) e em seguida submetida a referendo popular em 24 de fevereiro de 2019.

Mudanças

As principais propostas da nova constituição são o reconhecimento da propriedade privada, o livre mercado e a descentralização do poder político.

Segundo o cientista político Ramón Centeno, pesquisador da Universidad Nacional Autonoma de México (Unam), os objetivos são o de tornar duradouras e estáveis as mudanças introduzidas por Raúl Castro, quando liderou o país, entre 2008 e 2018. 

Mas o domínio do Partido Comunista Cubano (PCC), que é uma realidade no país desde 1959, quando se trocou a ditadura de Fulgencio Batista pela de inspiração marxista, vai continuar. “As mudanças na Constituição buscam garantir o poder do PCC”, diz Centeno. Cuba é o menos democrático dos países das Américas e é enquadrado como um regime autoritário, segundo a Economist Intelligence Unit (EIU), que calcula anualmente o Índice da Democracia.

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