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O ex-ministro e aliado do ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, Alejandro Gil, foi sentenciado nesta segunda-feira (8) à prisão perpétua por crimes que incluem espionagem, segundo nota divulgada pelo Tribunal Supremo Popular de Cuba. A condenação encerra um processo iniciado após sua destituição repentina em fevereiro do ano passado, conforme a imprensa estatal.
De acordo com o tribunal, Gil - que comandou o Ministério de Economia e Planejamento desde 2018 e também exerceu o cargo de vice-primeiro-ministro - foi declarado culpado por uma série de delitos: espionagem, corrupção, atos que causaram prejuízo à atividade econômica, subtração e dano a documentos oficiais, violação de selos e descumprimento das normas de proteção de informações classificadas. O primeiro julgamento foi realizado a portas fechadas em Havana entre 11 e 13 de novembro.
O ex-ministro também foi julgado em um segundo processo, ocorrido entre 26 e 29 de novembro, no qual recebeu pena adicional de 20 anos por corrupção ligada à falsificação de documentos públicos, tráfico de influência e evasão fiscal continuada. Segundo o Tribunal Supremo Popular, ambas as sentenças podem ser recorridas no prazo de dez dias.
Na sentença publicada nesta segunda-feira, os juízes afirmaram que Gil “enganou a direção do país e o povo que representava, gerando danos à economia”. O tribunal acrescentou que o ex-ministro “descumpriu procedimentos de trabalho com informações oficiais classificadas, retirou esses documentos, os danificou e, por fim, os colocou à disposição dos serviços do inimigo”. Segundo o Tribunal Supremo Popular, tais condutas configuram “traição à pátria”, considerada pela Corte “o mais grave dos crimes”.
Até sua queda, Gil era uma das figuras com maior exposição no gabinete do regime cubano. Ele foi o responsável por implementar a reforma monetária de 2021, conhecida como “Tarefa Ordenamento”, criada para abolir a dupla moeda no país. A medida, porém, provocou forte desvalorização do peso cubano e abriu espaço para a dolarização parcial da economia.
Gil também liderou medidas iniciais de ajuste fiscal, como o aumento de até 400% nos combustíveis, adotado pelo regime na tentativa de estabilizar as contas públicas.







