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Lula com líderes antes da foto oficial da Cúpula Ibero-Americana, em Estoril: Brasil não reconhece eleições hondurenhas | Tomas Bravo/Reuters
Lula com líderes antes da foto oficial da Cúpula Ibero-Americana, em Estoril: Brasil não reconhece eleições hondurenhas| Foto: Tomas Bravo/Reuters

Restituição

Zelaya lança nova ofensiva

Reuters

Carlos Reina, um dos principais assessores de Manuel Zelaya, anunciou ontem uma ofensiva para a restituição do presidente deposto, dois dias depois da polêmica eleição presidencial e em meio a uma crescente pressão internacional por sua volta ao poder.

Reina deixou a embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde acompanhava o presidente em seu refúgio desde setembro, quando Zelaya voltou clandestinamente do exílio. Ele afirmou que precisou sair para reorganizar os protestos contra o golpe de Estado, na véspera de o Congresso votar sobre a restituição ou não do presidente deposto.

"Viajarei por todo o país para reorganizar e resgatar o Partido Liberal (de Zelaya) e tornar coeso o movimento de resistência", disse Reina a jornalistas horas depois de deixar a embaixada, que permanece cercada por militares.

Lula reafirma que não reconhecerá eleições

Agência Estado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ontem, em Es­­to­­ril, Portugal, que não reconhecerá a vitória de Porfirio "Pepe" Lobo à Presidência de Honduras nas eleições realizadas no domingo.

Valendo-se de frases fortes so­­bre a crise na América Central, o chefe de Estado brasileiro foi duro ao responder ao apelo do recém-eleito para que o Brasil aceite o resultado do pleito. "Não, não, não!", afirmou, reiterando: "Pe­­remptoriamente não!".

Na declaração, entretanto, Lu­­la admitiu a possibilidade de mu­­dar de ideia "se algo novo acontecer".

As afirmações foram feitas an­­tes mesmo do término da Cúpula Ibero-Americana, em Estoril, e tinham como foco o regime de ex­­ceção, mesmo que não tenha men­­cionado o nome do presidente de fato, Roberto Micheletti. "Hondu­­ras desrespeitou o princípio mais elementar, o da volta à normalidade democrática de seu país."

Lula disse ainda que "o golpista agiu cinicamente" ao dar "um golpe no país e convocar eleições".

Para o brasileiro, sua posição, apoiada por parceiros regionais como a Argentina e a Vene­­zuela, tem como objetivo evitar a criação de um precedente.

A Cúpula Ibero-Americana condenou ontem o golpe de Estado em Honduras e pediu a restituição do presidente deposto José Manuel Zelaya ao cargo. Os presidentes e chefes de governo dos países da América Latina, de Por­­tugal, da Espanha e de Andorra "consideram que a restituição do presidente José Manuel Zelaya ao cargo para o qual foi democraticamente eleito, até completar seu período constitucional, é um passo fundamental para o retorno à normalidade constitucional", afirmou a declaração. Mes­­mo assim, não houve consenso na cúpula sobre as eleições hondurenhas e elas não foram mencionadas na declaração final.

Os líderes ibero-americanos não conseguiram vencer o ra­­­cha, que divide a América La­­ti­­na, entre os países que apoiam a eleição como única saída viável à crise política em Honduras, após cinco meses de negociações fracassadas, e aqueles que criticam o pleito como legitimização do golpe, já que o presidente de­­posto Manuel Zelaya não foi restituído.

Os líderes chamaram o golpe que afastou Zelaya do cargo em 28 de junho de "inaceitável". O golpe em Honduras foi o primeiro na América Central e na Amé­­rica Latina desde 1993, quando aconteceu o golpe na Guatemala.

O comunicado final do en­­contro parece refletir uma clara vitória dos líderes regionais latino-americanos, Brasil, Argen­­tina e Venezuela, que se opõem a qualquer reconhecimento das eleições que aconteceram no domingo em Hon­­duras. O texto, no en­­tanto, não foi aprovado como uma resolução oficial, devido à grande discrepância de opiniões entre os países sobre as eleições hondurenhas no do­­min­­go passado, que deram a vitória ao candidato conservador Porfirio Lobo.

"Alguns dirão que o comunicado final do encontro foi longe demais, outros dirão que não foi", disse o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates.

O comunicado do encontro também fez um "apelo enérgico" às autoridades do governo de fato de Honduras pela segurança de Zelaya, que está abrigado na Em­­baixada do Brasil em Te­­gucigalpa.

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