Restituição
Zelaya lança nova ofensiva
Reuters
Carlos Reina, um dos principais assessores de Manuel Zelaya, anunciou ontem uma ofensiva para a restituição do presidente deposto, dois dias depois da polêmica eleição presidencial e em meio a uma crescente pressão internacional por sua volta ao poder.
Reina deixou a embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde acompanhava o presidente em seu refúgio desde setembro, quando Zelaya voltou clandestinamente do exílio. Ele afirmou que precisou sair para reorganizar os protestos contra o golpe de Estado, na véspera de o Congresso votar sobre a restituição ou não do presidente deposto.
"Viajarei por todo o país para reorganizar e resgatar o Partido Liberal (de Zelaya) e tornar coeso o movimento de resistência", disse Reina a jornalistas horas depois de deixar a embaixada, que permanece cercada por militares.
Lula reafirma que não reconhecerá eleições
Agência Estado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ontem, em Estoril, Portugal, que não reconhecerá a vitória de Porfirio "Pepe" Lobo à Presidência de Honduras nas eleições realizadas no domingo.
Valendo-se de frases fortes sobre a crise na América Central, o chefe de Estado brasileiro foi duro ao responder ao apelo do recém-eleito para que o Brasil aceite o resultado do pleito. "Não, não, não!", afirmou, reiterando: "Peremptoriamente não!".
Na declaração, entretanto, Lula admitiu a possibilidade de mudar de ideia "se algo novo acontecer".
As afirmações foram feitas antes mesmo do término da Cúpula Ibero-Americana, em Estoril, e tinham como foco o regime de exceção, mesmo que não tenha mencionado o nome do presidente de fato, Roberto Micheletti. "Honduras desrespeitou o princípio mais elementar, o da volta à normalidade democrática de seu país."
Lula disse ainda que "o golpista agiu cinicamente" ao dar "um golpe no país e convocar eleições".
Para o brasileiro, sua posição, apoiada por parceiros regionais como a Argentina e a Venezuela, tem como objetivo evitar a criação de um precedente.
A Cúpula Ibero-Americana condenou ontem o golpe de Estado em Honduras e pediu a restituição do presidente deposto José Manuel Zelaya ao cargo. Os presidentes e chefes de governo dos países da América Latina, de Portugal, da Espanha e de Andorra "consideram que a restituição do presidente José Manuel Zelaya ao cargo para o qual foi democraticamente eleito, até completar seu período constitucional, é um passo fundamental para o retorno à normalidade constitucional", afirmou a declaração. Mesmo assim, não houve consenso na cúpula sobre as eleições hondurenhas e elas não foram mencionadas na declaração final.
Os líderes ibero-americanos não conseguiram vencer o racha, que divide a América Latina, entre os países que apoiam a eleição como única saída viável à crise política em Honduras, após cinco meses de negociações fracassadas, e aqueles que criticam o pleito como legitimização do golpe, já que o presidente deposto Manuel Zelaya não foi restituído.
Os líderes chamaram o golpe que afastou Zelaya do cargo em 28 de junho de "inaceitável". O golpe em Honduras foi o primeiro na América Central e na América Latina desde 1993, quando aconteceu o golpe na Guatemala.
O comunicado final do encontro parece refletir uma clara vitória dos líderes regionais latino-americanos, Brasil, Argentina e Venezuela, que se opõem a qualquer reconhecimento das eleições que aconteceram no domingo em Honduras. O texto, no entanto, não foi aprovado como uma resolução oficial, devido à grande discrepância de opiniões entre os países sobre as eleições hondurenhas no domingo passado, que deram a vitória ao candidato conservador Porfirio Lobo.
"Alguns dirão que o comunicado final do encontro foi longe demais, outros dirão que não foi", disse o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates.
O comunicado do encontro também fez um "apelo enérgico" às autoridades do governo de fato de Honduras pela segurança de Zelaya, que está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
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