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Foguetes lançados pelo Hamas, de Gaza em direção a Israel | Mohammed  Saber/Efe
Foguetes lançados pelo Hamas, de Gaza em direção a Israel| Foto: Mohammed Saber/Efe

Moro em Hertzeliah, uma cidade 10km ao norte de Tel Aviv, em Israel. Passo o dia no trabalho e vou direto para casa. No momento em que há uma sirene, vamos todos para as escadarias do edifício, não importa o que se está fazendo. Em casa, saímos todos para um bunker, construído no subsolo do prédio. Os momentos mais tensos são os de locomoção, pois não há um lugar protegido. Houve vezes em que a sirene me pegou indo para o trabalho.

Som

Eu ficava pensando se conseguiria ouvir a sirene pelo capacete da moto. Sim. Ouve-se. E mais: vê-se. Todos os carros param. Parei eu também, sobre a calçada e esperei. Juntaram-se a mim mais um motociclista, uma senhora empurrando um carrinho de bebê e uma menina que estava com ela. A senhora estava tremendo. Falei para ela ir mais perto do muro, explicando que era direção sul. Estaria mais segura. E que se abaixasse. Se caísse o foguete ali no meio do cruzamento em que estávamos, não iria fazer nenhuma diferença estar sentado ou de pé. Não havia qualquer proteção. Mas ela ficou mais tranquila. O outro motoqueiro pegou o bebê no colo e começou a brincar com ele enquanto um, dois, cinco, seis antifoguetes eram lançados de algum lugar para lá de Petach Tikwa. Que barulho faz um míssil cruzando o céu?

Grave

Ouve-se muito forte, um som opaco, grave, e seu reflexo das janelas tremendo. E daí outra sirene. E tudo de novo. O nenê chora, o motociclista o devolve para a mãe (ou avó?). Eu brinco com ele (com o nenê, não com o motociclista). E então outra sirene. Foram três. O movimento voltou bem lentamente. No meio de um viaduto, uma mãe que não teve para onde fugir ainda parava o trânsito todo para tentar colocar o nenê no banco traseiro de novo. Sim, sinto medo. Duas, três vezes por dia voam mísseis sobre a minha cabeça, viajando para a cidade onde trabalho ou para onde moro. Eles são interceptados no ar, o que não os torna menos letais. Apenas diminui a possibilidade de eles chegarem intactos ao chão.

"Normal"

Sim, é possível se acostumar a esse tipo de situação. Isso não significa que ela se torne "normal". Significa que é algo mais com que se deve lidar no dia a dia. É hábito, ao chegar em algum lugar, ver onde é o bunker mais próximo. Leva-se em consideração o dia a dia das crianças, onde estarão. Elas são treinadas para saber o que fazer no momento de uma sirene. Nas estradas, nas ruas, torna-se hábito olhar para onde ir no caso de uma sirene.

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