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O embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima foi o único a se manifestar "francamente favorável" ao ingresso da Venezuela no Mercosul, entre os quatro convidados para audiência pública realizada na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Outros dois embaixadores, Rubens Barbosa e Sérgio Amaral, e o representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Coelho Fernandes, usaram mais argumentos técnicos do que políticos para criticar a adesão imediata dos venezuelanos ao bloco.

Entre os senadores, o debate foi político e os que rejeitam a inclusão da Venezuela insistiram nos ataques ao presidente Hugo Chávez. O argumento de Flecha de Lima foi repetido por vários senadores favoráveis à inclusão. "Não podemos nos deixar levar pelo componente passional. Eu não gostaria que Hugo Chávez fosse presidente do Brasil, mas (ele) é passageiro, não é eterno. Os interesses concretos são muito relevantes", sustentou Flecha de Lima. O diplomata considerou as críticas de Chávez feitas ao Congresso brasileiro, quando protestou pela demora na decisão sobre a adesão ao Mercosul, um "lapso lamentável, altamente reprovável", mas disse que poderia ser resolvido com um pedido de desculpas do presidente venezuelano.

Rubens Barbosa e Sérgio Amaral insistiram na necessidade de se cumprirem requisitos básicos para o avanço das negociações, como concluir cronogramas de negociações e os termos da Tarifa Externa Comum (TEC). Os dois diplomatas recomendaram que o Senado cobre do Itamaraty informações objetivas sobre o andamento dos trabalhos do grupo encarregado de negociar os detalhes da adesão com a Venezuela.

O representante da CNI disse que a confederação recebeu do Itamaraty uma carta informando que "as negociações com Brasil e Venezuela estão em fase final" e que os cronogramas de negociações estão definidos. O relator do projeto de decreto legislativo que aprova a adesão da Venezuela, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), apresentou requerimento pedindo informações ao Ministério das Relações Exteriores. "Não temos condições de relatar enquanto não recebermos informações", disse Tasso.

O ex-presidente e senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL) foi o mais contundente ao criticar o ingresso da Venezuela no Mercosul. Disse que Hugo Chávez tem comportamento "belicoso, provocativo, divisivo (sic) e um projeto de poder que não coaduna com os interesses brasileiros".

Em defesa da adesão, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que, como País líder da América Latina, o Brasil deve defender a integração. "Não sou apaixonado pelo presidente Chávez, mas não estamos avaliando se gostamos ou não dele. O Brasil não pode defender a integração lá fora e o isolamento aqui dentro (do continente)", afirmou Casagrande.

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