Genebra - O advogado de Paula Oliveira brasileira que disse ter sido vítima de ataques neonazistas na Suíça e, dias depois, segundo a polícia local, afirmou ter forjado o crime disse ontem que o depoimento em que houve a suposta confissão não tem validade jurídica.
Na semana passada, a procuradoria-geral de Zurique confirmou que a polícia local ouviu de Paula, em um hospital da cidade, a confissão de que mentira quando denunciou o suposto crime, que teria acontecido pouco mais de duas semanas atrás, em uma estação de trem.
A defesa da brasileira diz que essas declarações são irrelevantes no processo. "Sem a presença de um advogado, não há prova. Isso significa que, não havendo depoimento no Ministério Público, está tudo em aberto, disse à reportagem o advogado Roger Müller, por telefone. Ele afirmou também que prevê que o depoimento de Paula ao promotor do caso, Marcel Frei, seja concedido até o fim desta semana.
Na quinta-feira, a procuradoria havia afirmado à reportagem que as declarações feitas aos policiais no hospital não poderiam ser usadas como prova na investigação, mas que terão algum valor no processo, como indício de que a brasileira quis enganar as autoridades suíças, incorrendo no Artigo 302 do código penal suíço cuja pena prevista é de até três anos de prisão.
Sobre essa punição, o advogado disse acreditar que a brasileira, se condenada, deve receber no máximo uma multa. "No caso de Paula, na pior das hipóteses, se o caso levasse a uma condenação, haveria no máximo uma pena pecuniária (multa) condicional, vinculada a um tempo probatório de dois anos, disse Müller.
De acordo com o advogado, a multa seria condicional a brasileira, por ser ré primária, não precisa pagá-la caso não viesse a cometer nenhuma outra infração no país nos próximos dois anos.
Linha de defesa
O advogado não quis dar mais detalhes a respeito de sua estratégia de defesa. Anteriormente, chegou a declarar que estudava de duas a três linhas para defendê-la, entre elas a de usar o fato de Paula sofrer de lúpus como atenuante por seu comportamento. A doença, em casos graves, pode causar transtornos psiquiátricos. "Sobre a linha de defesa eu não posso falar, isso recai sobre o sigilo profissional, afirmou Müller. Marco Trepp, o noivo da brasileira, que também deve ser ouvido pela Procuradoria-Geral de Zurique, não foi localizado nos últimos dias para comentar o caso. O pai da advogada, o assessor parlamentar Paulo Oliveira, também não respondeu aos recados deixados pela reportagem na caixa postal de seu telefone celular.



