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Infestação de percevejos: usuários do metrô de Paris notificaram as autoridades após encontrarem os insetos nos bancos do transporte
Infestação de percevejos: usuários do metrô de Paris notificaram as autoridades após encontrarem os insetos nos bancos do transporte| Foto: EFE/María Luisa Gaspar

A prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, tem um novo problema a enfrentar após a infestação de roedores na capital francesa. Desta vez, a cidade foi invadida por percevejos, pequenos insetos que se alimentam de sangue humano.

Segundo relatos de cidadãos e notificações nos serviços públicos, amplamente noticiados na mídia internacional, a praga já atingiu cinemas, aeroportos, metrô e as próprias residências, situação que tem provocado uma “convulsão” social entre os parisienses e no governo do presidente Emmanuel Macron. Em menos de um ano, a capital francesa receberá milhões de turistas para os Jogos Olímpicos de 2024.

População assustada 

A possibilidade de Paris estar infestada por um inseto que se alimenta de sangue humano e se fixa em locais de acesso comum, como transportes públicos, cinemas e residências, tem causado uma dor de cabeça para a população.

O jornal francês Le Figaro ouviu diversos parisienses sobre o assunto. Uma mulher disse que sua filha de seis anos foi picada pelo inseto, o que causou marcas doloridas no corpo da criança. “Quando vi as marcas de picadas nos braços da minha filha de seis anos, senti-me deprimida”, afirmou a mãe, acrescentando que depois do episódio levou 60 sacos de roupa para a lavanderia.

Outros cidadãos de Paris denunciaram que foram picados por percevejos nas últimas semanas. A infestação tem causado um caos social, deixando as pessoas assustadas com o fenômeno.

Segundo os jornais internacionais, muitos usuários do metrô ou de trens pela cidade até preferem realizar a viagem em pé até o destino com medo de serem atacados.

Problema antigo 

Apesar de um possível aumento da incidência do inseto nas últimas semanas em Paris e cidades próximas, dados oficiais da França revelam que um em cada dez parisienses teve problemas com percevejos nos últimos cinco anos, mostrando que a praga é um desafio de longa data.

Contudo, as autoridades francesas afirmam que ainda não há provas científicas de qualquer explosão da presença do inseto pelo país, mesmo com inúmeras imagens e relatos divulgados por pessoas nas redes sociais, que mostram os insetos dentro de trens, das salas de cinema e do metrô, meio de transporte utilizado por milhares de parisienses e turistas diariamente.

“Não há ressurgimento de percevejos nos transportes, não há aumento de casos, não há psicose e muito menos necessidade para ficarmos ansiosos”, afirmou o ministro dos Transportes, Clement Beaune, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (4). Apesar disso, ele solicitou uma reunião de emergência com a prefeitura.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Paris, Emmanuel Gregoire, contrariou o discurso oficial e disse ao canal francês LCI que a praga está “espalhada” pela cidade e “ninguém está seguro”.

A líder parlamentar do partido França Insubmissa (LFI, na sigla em francês), Mathilde Panot, também afirmou que um plano de ação deveria ser montado para reconhecer os percevejos “como um problema de saúde pública” no país.

O pânico social instaurado em Paris levou o governo nacional e a Câmara Municipal a programar uma reunião interministerial nesta sexta-feira (6), a fim de discutir possíveis soluções para o fenômeno. A informação foi divulgada pelo porta-voz do governo, Olivier Veran, nesta semana, ocasião na qual disse que a organização do encontro será feita pela primeira-ministra Elisabeth Borne.

Nesta semana, duas escolas precisaram ser fechadas em cidades francesas, uma em Marselha e outra em Villefranche, após a infestação da praga. Segundo os governos municipais, as instituições ficaram sem aula por alguns dias para a total dedetização.

O líder do partido Renascimento na Assembleia Nacional Francesa, Sylvain Maillard, ao qual o presidente francês é associado, afirmou na terça-feira (3) que um projeto de lei interpartidário de combate aos percevejos foi criado e será apresentado em dezembro deste ano.

Em entrevista à emissora britânica BBC, o especialista em insetos Jean-Michel Berenger, que trabalha no principal hospital de Marselha, afirmou que a invasão de percevejos no verão europeu é muito comum, um problema que atinge também outros países da região.

De acordo com Berenger, isso acontece porque as pessoas viajam mais nesse período e acabam carregando os insetos em suas bagagens para o país.

Alguns fatores que podem explicar a infestação de percevejos são o movimento de globalização, que permitiu um maior fluxo de pessoas entre as fronteiras, a comercialização de produtos por meio de contêineres e o turismo de massa, categoria na qual Paris se classifica como uma das cidades visitadas no mundo.

Os gastos públicos informados pelo governo francês são de US$ 250 milhões (cerca de R$ 1 bilhão, na cotação atual) por ano com o problema dos percevejos.

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