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Guillermo Lasso, presidente eleito do Equador, em entrevista coletiva em hotel de Quito após sua vitória no segundo turno da eleição presidencial, 12 de abril
Guillermo Lasso, presidente eleito do Equador, em entrevista coletiva em hotel de Quito após sua vitória no segundo turno da eleição presidencial, 12 de abril| Foto: Rodrigo BUENDIA / AFP

O candidato liberal Guillermo Lasso venceu o segundo turno das eleições no Equador no domingo, 11, e será o novo presidente do país. A disputa acirrada colocou em jogo o retorno ao "Socialismo do Século 21" da década anterior ou a manutenção das políticas pró-mercado dos últimos quatro anos, em meio aos esforços do país andino para reanimar sua economia estagnada.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (12), Lasso prometeu uma "mudança verdadeira" ao país sul-americano, após encerrar uma década de vitórias eleitorais da esquerda no país. A eleição do ex-banqueiro conservador de centro-direita vai na contramão dos movimentos vistos nos países vizinhos Argentina e Bolívia.

Lasso, notabilizado por uma carreira no setor financeiro, assumirá a presidência do Equador com grandes desafios, incluindo uma grave crise econômica e alto índice de pobreza, e terá que governar com minoria no parlamento.

Apurados 98% dos votos, o ex-banqueiro tinha 52,51% dos votos, um total de 4,4 milhões de votos. Seu rival, o populista Andrés Arauz, tinha 47,49%, ou 3,98 milhões de votos. Arauz admitiu sua derrota antes mesmo do final da apuração: "Eu o felicitarei (a Lasso) pelo triunfo eleitoral obtido hoje e lhe demonstrarei nossas convicções democráticas".

"Em 24 de maio assumiremos com responsabilidade o desafio de mudar o destino de nossa pátria e obter para todos o Equador de oportunidades e de prosperidade que todos desejamos", afirmou o ex-banqueiro ao se proclamar presidente eleito.

Lasso, de 65 anos, prometeu criar empregos por meio de investimento estrangeiro e apoio financeiro ao setor agrícola. Já o economista Arauz, de 36 anos, fez promessas de generosas doações em dinheiro e uma retomada das políticas socialistas de seu mentor, o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017). Arauz venceu o primeiro turno em 7 de fevereiro com 32,72% dos votos; Lasso obteve 19,74% na ocasião, mas virou o jogo no segundo turno.

"Há uma crise econômica, sanitária e política neste momento (...). Qualquer um que ganhar terá um panorama completamente dividido, bastante difuso", diz Wendy Reyes, consultora política e professora da Universidade de Washington.

A economia do país exportador de petróleo já estava fraca em razão dos preços baixos do insumo quando começou a pandemia de coronavírus. A situação sanitária levou um terço da população à pobreza e deixou meio milhão de pessoas desempregadas. Em 2020, o PIB retrocedeu 7,8% e a dívida pública alcançou 63% do Produto Interno Bruto.

Economia

No ano passado, a economia do Equador registrou contração de 7,8%. Para este ano, a previsão é de que o crescimento seja de até 3,5%. Atualmente, o desemprego no país é de 5,7%, e estima-se que apenas 34% da população economicamente ativa do país têm um emprego que oferece uma renda considerada adequada.

Lasso assumirá um país com altos índices de pobreza: segundo dados oficiais, 32% dos equatorianos estão em situação de pobreza, enquanto 15% vivem na pobreza extrema, com renda de até US$ 1,50 por dia.

O Equador firmou um novo acordo de empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2020, o qual o candidato derrotado por Lasso no segundo turno, Andrés Arauz, prometeu renegociar caso vencesse a eleição. As medidas de austeridade sugeridas ao país pela organização multilateral já haviam sido foco de intensas disputas políticas em 2019, quando o governo de Quito revogou a retirada de subsídios aos combustíveis após intensos protestos.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, parabenizou Guillermo Lasso pela vitória nas eleições do Equador, e afirmou que o órgão multilateral segue comprometido com o país. Em seu Twitter, a dirigente escreveu nesta segunda-feira que espera ajudar a nação a "resistir à pandemia, fortalecer a economia e construir um futuro melhor para todos os seus povos".

Minoria no congresso

Lasso terá que cumprir sua promessa de dialogar com novos aliados no centro e na esquerda para governar com uma minoria no Legislativo.

O presidente eleito terá de negociar com o Pachakutik, o partido indígena que obteve mais votos para a Assembleia (com 27 congressistas) depois da União pela Esperança (Unes), o movimento de Andrés Arauz, que levou 49 assentos. O Criando Oportunidades (Creo), partido de Lasso, terá uma representação mínima, de 12 legisladores entre os 137 assentos do Congresso, que é unicameral.

Pandemia

A pandemia de Covid-19 atingiu duramente o Equador, que registrou cenas de corpos jogados nas ruas de Guayaquil diante do colapso do sistema funerário no início do surto.

O país vive hoje o fechamento parcial do comércio e de escolas e registra uma média de 940 mortes por milhão de pessoas. Segundo dados do Ministério da Saúde, são registrados em média 1.604 novas infecções por Covid-19 por dia, mas o tema sanitário só apareceu com força na última semana da campanha presidencial.

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