Londres A comunidade científica britânica está dividida quanto à utilidade real da técnica da clonagem para o homem, dez anos após o nascimento da ovelha Dolly a primeira clonagem de mamífero obtida através do núcleo da célula de uma ovelha adulta.
Desenvolvida pelo Instituto Roslin de Edimburgo, em 5 de julho de 1996, Dolly trouxe a esperança à comunidade cientifíca de que a clonagem, particularmente a terapêutica, permitiria tratar doenças como o mal de Alzheimer, o câncer e outros males degenerativos, a partir do desenvolvimento de células-tronco embrionária.
Uma década depois, o professor Ian Wilmut, o "pai" da Dolly, reconheceu estar "decepcionado com os avanços feitos". Wilmut disse que uma tecnologia como a clonagem "não chegará à maturidade até dentro de 50 anos", em entrevista nesta semana à emissora de rádio e tevê britânica BBC. Desde o nascimento da Dolly, a clonagem reprodutiva tem sido amplamente imitada na área animal.
"Dolly criou uma onda de falsas esperanças (...), acreditava-se que a clonagem fosse o remédio mágico para todas as doenças", argumenta Helen Wallace, integrante da GeneWatch, uma organização que supervisiona os avanços da ciência no campo genético.
A clonagem "é uma descoberta científica notável, ninguém nega", segundo Susan Meyer, diretora da GeneWatch. "Mas me pergunto se (a clonagem terapêutica) é a melhor forma de lutar contra os problemas de saúde dos seres humanos", acrescentou. "Tentar prevenir as doenças é menos rentável, está claro, mas no entanto é melhor para a saúde", enfatizou a cientista.
Simon Best, presidente da Associação Britânica de Biotecnologia e fervoroso defensor da clonagem terapêutica, está convencido de que esta tecnologia trará importantes resultados no futuro.
O nascimento da Dolly "provocou uma enorme onda de criatividade e acho que veremos os resultados em 20 ou 30 anos", garantiu o especialista, tentando reduzir a importância da lentidão dos avanços feitos neste campo.
"A descoberta da clonagem foi tão revolucionária quanto a do DNA nos anos 50, e foram precisos entre 30 e 40 anos para começar a ver os benefícios práticos", destacou. Mesmo diante de tantas discussões sobre o assunto, Dolly que foi sacrificada em 14 de fevereiro de 2003, devido a uma doença pulmonar incurável continua sendo um mito.



