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Bolívia

Diálogo entre Morales e opositores começa hoje sob tensão

Reunião prevê discussão de pontos polêmicos que motivaram o início da onda de violência

Veja o que prevê o texto acertado entre governo e oposição |

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Veja o que prevê o texto acertado entre governo e oposição

La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, e governadores oposicionistas terão hoje no departamento de Cochabamba (centro) o primeiro encontro desde que acordaram uma agenda de negociação na terça-feira.

Embora o grau de tensão seja menor no país, o ambiente político ontem era ainda de troca de farpas entre os dois blocos e de desconfiança e ameaças por parte dos grupos civis aliados.

Contrariando o que defende o documento-base do diálogo negociado entre o vice-presidente, Álvaro García Linera, e o governador de Tarija, Mario Cossío, representante da oposição, os grupos de choque do governo do departamento oposicionista de Santa Cruz não aceitaram deixar todos os prédios públicos federais que ocupam desde a semana passada.

A radical União Juvenil Cruzenha se opõe, por exemplo, a devolver a sede regional do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Inra). O governo cruzenho diz que a liberação será "paulatina’’.

Tampouco os movimentos camponeses que apóiam o governo desistiram das medidas de protesto contra Santa Cruz. Há pelo menos seis pontos de bloqueios nas estradas que levam à capital do departamento, que na sexta-feira abre a feira de negócios mais importante do país. Os apoiadores de Morales dizem que só levantarão as interrupções quando os cruzenhos devolverem as instalações nacionais a La Paz.

A anunciada marcha de camponeses – estimados em 20 mil pessoas – à região é objeto de reportagens de tevês opositoras. Ontem mulheres do poderoso Comitê Cívico de Santa Cruz, que reúne a elite política e empresarial, promoveram uma passeata de repúdio à intenção de chegar à cidade.

Morales também não abandonou a retórica inflamada. Pela manhã, participou da assinatura de um acordo com a Central Operária Boliviana (Cob), de "apoio crítico’’, mas não de alinhamento automático ao governo. A central comprometeu-se a "defender a integridade do país ante a ameaça de golpe’’ dos governadores rebeldes.

Outro ponto de tensão foi o debate em torno da legalidade da prisão do governador opositor de Pando, Leopoldo Fernández. Ontem, o vice-ministro da Justiça, Ruben Gamarra, disse que ele não estava "detido’’, acusado de desacato ao estado de sítio imposto no departamento. Afirmou que ele estava "confinado’’ em uma instalação militar, onde poderia ficar por até 90 dias. Segundo a lei, Fernández deveria ser levado a um juiz em 48 horas – prazo que acaba hoje.

Facilitação

Morales propôs que a negociação com a oposição seja intensiva, em 30 dias – o que foi criticado por analistas, que prevêem embates principalmente em relação à nova Carta, que trata de temas como reforma agrária, reeleição presidencial (uma única vez) e autonomia indígena. O presidente chegou a convocar o encontro para ontem mesmo. Os governadores aceitaram, dizendo que não queriam ser acusados de atrapalhar o processo. Mas questões logísticas impediram a antecipação.

Morales também criticou a escolha da Igreja Católica como um dos "facilitadores’’ da negociação. Ele mostrou-se irritado porque o cardeal Julio Terrazas estava ao lado de Cossío ontem, durante o anúncio da assinatura do pré-acordo.

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