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Comparado a um caminhão usado, a um navio antigo e a um equipamento eletrônico velho, o ônibus espacial Discovery deve pousar na segunda-feira - e mesmo sua própria comandante diz que ele não deve voar de novo enquanto seus problemas não forem resolvidos.

A atual missão da espaçonave, a primeira tripulada realizada pelos EUA desde que o Columbia desintegrou-se ao reentrar na atmosfera terrestre, em 1º de fevereiro de 2003, enfrentou problemas que começaram antes do lançamento, no dia 26 de julho.

Primeiro houve uma falha nos sensores de combustível, o que adiou o lançamento inicialmente previsto para 13 de julho. Depois, um pedaço da espuma de isolamento caiu do tanque externo do Discovery. A espuma não acertou a espaçonave, mas deixou todos preocupados. Foram pedaços de espuma que provocaram no Columbia os danos responsáveis pelo acidente.

A Nasa trabalhou por dois anos e meio para tentar evitar problemas do tipo.

Eileen Collins, a comandante do Discovery, disse em órbita que ficou desapontada ao ouvir as notícias sobre a espuma de isolamento.

- Acho que não devemos voar de novo se não fizermos alguma coisa para evitar que isso aconteça de novo - afirmou Collins.

Pouco depois, ao inspecionar a parte debaixo do ônibus espacial, em órbita, os astronautas encontraram dois pedaços de tecido saindo do escudo de proteção antitérmica. Engenheiros da Nasa disseram que os tecidos poderiam provocar um superaquecimento perigoso na reentrada.

O astronauta Steve Robinson saiu ao espaço para arrancar as tiras, mas os problemas com o Discovery não acabaram aí: um pedaço danificado do tecido de proteção de debaixo da janela da cabine do piloto poderia, segundo os especialistas, se soltar e provocar algum dano sério no ônibus espacial.

Testes realizados em um túnel de vento afastaram essa possibilidade, mas ainda assim, Wayne Hale, vice-diretor do programa de ônibus espaciais, reconheceu que o regresso do Discovery envolvia algum risco.

A todo momento, Hale e Michael Griffin, atual administrador da Nasa, deixaram claro que o ônibus espacial estava chegando ao final de sua vida útil.

Griffin comparou o Discovery aos grandes barcos a vela do século XIX, que eram o que havia de mais avançado então. "Os navios a vela eram o ápice do arte de navegar e não vemos mais navios desse tipo hoje", afirmou.

Quando uma das 2,5 milhões de partes do ônibus espacial apresentou defeito, Griffin disse: "Eu ficaria surpreso se conseguisse encontrar um único equipamento eletrônico na minha casa que tenha 25 anos e que ainda funcione. Acho que não eu tenho nada do tipo. É a mesma coisa com o ônibus espacial."

Projetados nos anos 70 e lançados pela primeira vez em 1981, os ônibus espaciais foram pensados para ser um veículo de trabalho em um mundo no qual viagens espaciais seriam comuns.

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