
Os líderes das duas maiores economias do mundo se reúnem hoje em Pequim pautados por uma série de impasses e por uma competição crescente. Por trás dos sorrisos das fotos oficiais, o líder da China, Xi Jinping, e o presidente dos EUA, Barack Obama, discutirão divergências que incluem comércio, ciberespionagem, direitos humanos e a tensão em torno de disputas territoriais no mar do sul da China.
Obama veio a Pequim para a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês), e ficou um dia a mais para o encontro com Xi. No encerramento da cúpula, preparada pelos chineses como um grandioso evento para projetar a ascensão do país como superpotência econômica, Pequim obteve o apoio das demais 20 economias do bloco para o plano de acelerar a criação da Área de Livre Comércio Ásia-Pacífico (Alcap).
Xi elogiou o endosso como um passo "histórico". O comunicado final prevê a realização de um estudo para a implementação do acordo, que deverá durar dois anos. É menos do que o governo chinês queria, depois de enfrentar a resistência dos EUA. A iniciativa de Pequim é considerada uma resposta da China à Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), cujas negociações são lideradas pelos EUA com outros 11 países, mas sem incluir a China.
Dando o tom de disputa do encontro entre Xi e Obama, membros da delegação americana se preocuparam em ressaltar os pontos de discórdia que serão levantados durante as conversas. Ben Rhodes, conselheiro-adjunto de segurança nacional dos EUA, citou temas como ciberespionagem e disputas marítimas entre as questões em pauta. Ele elogiou o desejo manifestado pela China de desempenhar um papel internacional "compatível com a sua capacidade econômica e política". Mas disse que os EUA vão advertir a China quando o país não respeitar "normas internacionais necessárias".
No primeiro discurso ao chegar a Pequim, Obama já havia tocado em alguns pontos sensíveis, afirmando que espera da China o respeito à propriedade intelectual e aos direitos humanos.
Enfraquecido para cumprir os dois últimos anos de governo após a derrota do Partido Democrata nas eleições legislativas, Obama será recebido por um anfitrião em trajetória oposta.
Xi acumulou mais poderes do que qualquer líder chinês desde Deng Xiaoping, e ainda tem oito anos no cargo. Ele comanda uma economia que, segundo as previsões, deve ultrapassar a dos EUA e se tornar a maior do mundo até o fim desta década.



