
Sanaa - Moradores da capital iemenita promoveram ontem ruidosas comemorações nas ruas pelo fato de o presidente Ali Abdullah Saleh, que governa o Iêmen com mão de ferro há mais três décadas, ter deixado o país para receber tratamento na Arábia Saudita depois de ter sido atingido por estilhaços de uma bomba num ataque contra o palácio presidencial.Moradores de Sanaa dançaram nas ruas, cantaram e sacrificaram animais em comemoração, na expectativa de que a saída de Saleh represente uma vitória da campanha iniciada há três meses para que o presidente deixe o poder. Até mesmo soldados participaram das celebrações.
Na atmosfera festiva de Sanaa, porém, os moradores ainda temiam o retorno de Saleh ou eventuais tentativas de arruinar o país caso não consiga voltar.
Na Arábia Saudita, fontes sauditas e iemenitas informaram que o ditador foi submetido a duas cirurgias, asseguraram que ambas transcorreram com sucesso e disseram que Saleh estará pronto para retornar ao Iêmen depois de duas semanas de "repouso".
"Nós vamos atuar com toda nossa força para impedir que ele volte", declarou Mohammed Qahtan, líder da oposição no Parlamento. "Nós vemos isso como o começo do fim de seu regime tirânico e corrupto", declarou.
Já um porta-voz da situação disse à emissora de televisão Al-Arabiya que "o presidente Saleh retornará ao Iêmen dentro de alguns dias".
Nas cirurgias às quais Saleh foi submetido, médicos retiraram de seu peito estilhaços que o feriram num ataque ao complexo presidencial na última sexta-feira.
O Iêmen enfrenta distúrbios em meio ao descontentamento da população diante da extrema pobreza, da desnutrição e da falta de liberdade em um país afetado por conflitos tribais e pela presença de um ramo ativo da rede extremista Al-Qaeda em seu território.
Após a saída de Saleh, o vice-presidente Abd-Rabbu Mansour Haddi assumiu o poder do país.
Com o início dos protestos, o governo iemenita perdeu o controle da maior parte das províncias e a rede extremista Al-Qaeda aproveitou o caos político para solidificar suas bases no país.
Violência
Pelo menos 13 soldados iemenitas morreram neste domingo em ataques lançados contra as forças de segurança, informaram oficiais de exército. Na província de Abyan, no sul do país, nove soldados foram mortos em uma emboscada a um comboio militar. Mais cedo, quatro soldados morreram em um ataque ao palácio presidencial em Taiz, segunda maior cidade do Iêmen. Um dos atiradores também morreu na ofensiva. Os ataques são atribuídos a um grupo recentemente criado para vingar as mortes de manifestantes contrários ao regime do presidente Ali Abdullah Saleh.



