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Ditador resiste e revolta egípcia ainda segue liderança difusa

Caças e helicópteros não afastam manifestantes em euforia

Manifestantes subiram em tanques no Cairo no sexto dia de protestos: voos rasantes do Exército não puderam intimidar população em revolta | Miguel Medina/AFP
Manifestantes subiram em tanques no Cairo no sexto dia de protestos: voos rasantes do Exército não puderam intimidar população em revolta (Foto: Miguel Medina/AFP)

Cairo - Acuado pela revolta contra seu governo, o ditador do Egito, Hosni Mubarak, tentou ontem intimidar a população ao ordenar à cúpula militar do regime que caças e helicópteros de combate fizessem voos rasantes sobre os manifestantes. Mas a demonstração de força pelo ar não ecoou em terra, onde soldados em tanques protagonizaram cenas de empatia e cordialidade com os milhares de egípcios que ocupam o centro do Cairo exigindo a saída de Mubarak, no poder desde 1981.

Enquanto helicópteros cheios de mísseis voavam sobre a praça Tahrir, epicentro do levante, homens dançavam em cima de tanques e cantavam músicas anti-governo. Despreocupados, soldados riam e conversavam. Era comum ver os participantes do protesto, mais tranquilo ontem que nos primeiros dias, oferecendo água e comida aos militares.

Pais acompanhados de filhos pequenos tiravam fotos ao lado dos tanques. A empatia se explica pelo fato de o Exército ter a imagem de bons serviços historicamente prestados, inclusive nas guerras contra Israel. Militares são vistos como patriotas e mais honestos, embora generais e coronéis ocupem alguns dos principais cargos na economia do país, fortemente concentrada nas mãos do Estado.

Já a polícia é alvo do ódio de boa parte dos egípcios, que a enxerga como corrupta, violenta e arbitrária. O serviço secreto policial é visto como um dos sustentáculos do aparato repressor do regime, que governa por estado de exceção há 30 anos.

Especula-se que o Exército, dividido entre a lealdade ao establishment e o respeito da população, possa se tornar fiel da balança na atual queda de braço entre Mubarak e os manifestantes, inspirados pela queda do ditador tunisiano há duas semanas.

"Mubarak mandou atirar na gente, mas os soldados não cumprirão essa ordem’", disse Kamal, um engenheiro de 37 anos.

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