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A chinesa DJI domina o mercado americano de drones| Foto: Pixabay

O governo dos EUA, em níveis federal, estadual e local, está usando drones chineses que são explorados pelo Partido Comunista Chinês para espionagem. Essa é a conclusão pública de um dos braços do Departamento de Segurança Interna. Citando “preocupações com a segurança”, outros departamentos fizeram as mesmas afirmações e alguns começaram a tomar medidas para limitar a compra de drones chineses.

Drones fabricados na China e operados por americanos mapeiam a infraestrutura, agricultura, ferrovias, prédios do governo, usinas de energia, operações de resgate em desastres e movimentos de policiais dos EUA. Acredita-se que os dados coletados nesses voos de drones sejam enviados de volta à China, onde não há divisão entre os setores civil e militar. A recente inclusão de uma grande empresa chinesa de drones, a Jiang Innovations Science and Technology Company (DJI), na “Entity list” do Departamento de Comércio dos EUA dificulta a compra de produtos desta fabricante por empresas americanas e ressalta o crescente senso de urgência para encerrar o acesso da DJI aos Estados Unidos. Mas é hora de ir mais longe. O governo dos EUA em todos os níveis deve parar imediatamente de comprar drones chineses e encerrar de vez o acesso das empresas chinesas de drones ao mercado comercial dos EUA.

Drones chineses no mercado americano

A dependência dos EUA de drones chineses e das partes que os compõem é insustentável. Embora existam empresas americanas esperando para atender à demanda, se os drones chineses forem excluídos do mercado americano, elas serão poucas para para fazer frente às necessidades do governo dos EUA, e algumas empresas americanas de drones ainda dependem de peças chinesas baratas. Este é um dos argumentos contra o corte do acesso aos drones chineses no mercado americano. Mas os riscos para a segurança nacional são grandes demais para o governo dos EUA agir lentamente e, portanto, além de cortar o acesso aos drones chineses, o país também deve expandir os esforços existentes do Pentágono para construir uma base americana, em parceria com aliados americanos, para fabricação de drones que não dependam de peças de fabricação chinesa. Pode-se ver facilmente como uma emergência nacional ou um conflito sobre a defesa da democrática Taiwan pode exigir o aumento da escala de produção de drones. Depender da China para isso deveria estar fora de questão.

A subsecretária de Defesa para Aquisição, Ellen Lord, tem sido uma defensora do fortalecimento da soberania americana, desenvolvendo uma base industrial para tecnologias críticas nos EUA e em países aliados. Em um evento recente do Hudson Institute, do qual eu participei, ela elogiou o Trusted Capital Marketplace do Pentágono, que expandiria as opções para fabricantes de drones seguros. Esta iniciativa deveria se tornar uma prioridade de segurança nacional em todo o governo dos EUA e setores privados.

É importante combater empresas como a DJI, uma gigante de drones de propriedade chinesa com sede em Shenzhen, China. Ele domina o mercado americano de drones. Seu baixo custo tem dominado o mercado americano e de aliados, dando a ela uma participação de quase dois terços nos mercados dos Estados Unidos e Canadá.

Espionagem

Mas a DJI é mais do que apenas uma líder no setor. Como outros programas de tecnologia chineses e empresas como a Huawei, ela também possibilita a espionagem chinesa e o estado de vigilância chinês, especificamente dos campos de concentração de Xinjiang.

Um memorando do departamento de Imigração e Fiscalização Alfandegária de Los Angeles, de agosto de 2017, diz: "As diretorias do governo chinês que provavelmente recebem os dados da nuvem da DJI são os escritórios responsáveis ​​pela defesa, infraestrutura crítica, controle de tráfego e ofensa cibernética". As autoridades disseram ter "confiança moderada" de que os drones comerciais e software da DJI estão "fornecendo dados sobre a infraestrutura crítica e de segurança dos EUA ao governo chinês". Uma enxurrada de outras ações da agência para desacelerar o uso de drones da DJI sugere que os funcionários agora têm mais do que uma confiança "moderada" de que isso está ocorrendo.

Outras agências governamentais, como o Departamento de Defesa – com poucas exceções – pararam de usar drones chineses. Desde setembro, o Departamento de Justiça (DOJ) também proibiu que sua verba seja usada ​​para comprá-los. A maior agência que usa drones é o Departamento do Interior (DOI). O DOI tem mais de 800 drones, todos fabricados na China ou com peças chinesas. Eles usam esses drones para busca e resgate, combate a incêndios florestais e para lidar com outros desastres naturais que podem ameaçar vidas ou propriedades. Em outubro, o Wall Street Journal relatou que o DOI estava suspendendo voos de toda a sua frota de drones, citando um risco de segurança nacional relacionado a fabricantes chineses.

Estamos cientes da terrível cooperação da DJI dentro da China. Em 2017, exatamente quando as autoridades americanas estavam soando o alarme, a DJI assinou um acordo com o Departamento de Segurança Pública da Região Autônoma de Xinjiang (XARPSD) para implantar drones DJI para "manutenção da estabilidade" e "contraterrorismo". Em meados deste ano, uma filmagem de um desses drones viralizou nas plataformas de mídia social americanas que mostravam a polícia paramilitar chinesa escoltando uigures muçulmanos – algemados e vendados – em uma estação de trem em Xinjiang, uma região conhecida por seus "campos de reeducação", onde o governo chinês se envolve em estupros, abortos, esterilização forçada, tortura e outros meios de genocídio religioso e cultural.

A DJI também estava ansiosa para tirar vantagem da pandemia de Covid-19. No segundo trimestre deste ano, ela distribuiu drones grátis para 43 agências de segurança em 22 estados dos EUA para fazer cumprir as diretrizes de distanciamento social dos governos. Isso mesmo: a empresa chinesa que permitiu que o governo da China monitorasse os muçulmanos chineses quanto à conformidade em campos de concentração quis permitir que os governos dos EUA monitorassem o comportamento dos americanos para conformidade durante a pandemia de Covid-19.

Alguns membros do Congresso têm acompanhado a questão e tentado impulsionar uma lei para que o governo dos EUA pare de usar drones chineses e acabe com sua dependência de componentes chineses para o mercado de drones. No ano passado, o senador Rick Scott (republicano da Flórida) e o deputado Mike Gallagher (republicano do Wisconsin) lideraram uma coalizão bipartidária para apresentar o American Security Drone Act. Se tivesse sido promulgado, ele iria, entre outras coisas, proibir departamentos e agências federais de comprar qualquer drone comercial ou sistema de aeronave não tripulado fabricado ou montado em países identificados como ameaças à segurança nacional.

Por razões obscuras, e apesar de um consenso bipartidário que ajudou a colocar disposições de segurança sobre os drones na versão recente do orçamento de defesa que passou na Câmara dos Deputados, o Senado os retirou de pauta. O projeto de lei final enviado à mesa do presidente Donald Trump deixa o problema sem solução. Portanto, os drones da DJI ainda estão livres para inundar o mercado dos EUA e enviar suas imagens e dados ao Partido Comunista Chinês. A coalizão bipartidária focada neste assunto deveria aumentar e o Congresso deveria se concentrar no assunto no próximo ano. Nesse ínterim, com apenas algumas semanas restantes do mandato do governo Trump, o presidente deveria emitir uma ordem executiva abordando os riscos de segurança nacional dos drones chineses, e em particular dos drones da DJI. Quanto mais cedo conseguirmos retirar os drones chineses do mercado, mais seguros estaremos.

*Rebeccah Heinrichs é pesquisadora sênior do Hudson Institute.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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