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O Egito apresentou neste sábado (19) um plano arrojado e sem precedentes para a reconstrução da Faixa de Gaza — com rapidez, foco técnico e uma proposta singular: evitar o deslocamento da população palestina.
Elaborado pelo Sindicato dos Engenheiros Egípcios, que assessora diretamente o governo do país, o projeto propõe a restauração da região em um tempo recorde de seis meses, com um custo estimado de US$ 6 bilhões (R$ 34,8 bilhões na cotação atual).
Questionado sobre a viabilidade de realizar as obras sem remover os moradores de Gaza, o chefe do Comitê Consultivo do sindicato, Ahmed Zaki Abdeen, deu um recado aos que duvidam da proposta. “Isso é bizarro e suspeito. São alegações feitas com o objetivo de liquidar a causa palestina e tomar o controle da Faixa”, afirmou em uma coletiva de imprensa.
Para os analistas políticos, a declaração de Abdeen enfatiza o contraste entre o plano egípcio e outras propostas ocidentais — especialmente às especulações sobre a chamada “Riviera do Oriente Médio”, uma ideia sugerida pelo presidente americano Donald Trump e que consiste na transformação da faixa costeira em um polo turístico sob domínio internacional.
Ainda de acordo com os especialistas, a iniciativa reflete a ambição do Egito em se consolidar como mediador-chave no Oriente Médio, contrabalançando a influência iraniana e a pressão americana.
“Caráter humanitário”
Além de prometer uma velocidade incomum para um projeto de tamanha escala, os egípcios ressaltam o “caráter humanitário” da empreitada — a ser realizada com apoio técnico do governo egípcio, financiamento de países árabes e a eventual participação de parceiros europeus.
Dividido em fases, o plano propõe uma etapa inicial e emergencial que inclui a remoção de escombros, desativação de minas e construção de abrigos temporários. Sete zonas seguras receberiam 1,5 milhão de pessoas em moradias provisórias, enquanto 60 mil casas parcialmente destruídas receberiam reparos imediatos.
Esse primeiro estágio — que compreenderia um período de seis meses e custaria os já citados US$ 6 bilhões — ainda traz como destaque uma inovação: a reciclagem dos entulhos de edifícios destruídos, a serem usados para a produção de materiais de construção.
Uma segunda fase, com duração de quatro anos e meio e ainda sem previsão orçamentária, prevê a construção de 400 mil residências permanentes, estradas, redes de energia, portos comerciais e até um aeroporto.
De acordo com Ahmed Zaki Abdeen, o sindicato pretende oferecer oficialmente o projeto às autoridades o quanto antes, “para que esteja pronto para ser implementado imediatamente após o cessar-fogo” — ainda incerto devido às divergências entre Israel e o Hamas.
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