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O Egito quer acabar, de uma vez por todas, com a excisão - a prática ancestral que consiste na mutilação das partes genitais das mulheres - depois da morte de uma adolescente.

Nesta quinta-feira, o ministério da Saúde decidiu proibir "a todos os médicos e profissionais da saúde" fazerem esta operação que remonta do tempo dos faraós e continua muito difundida entre os egípcios.

Mas esta decisão ainda deve ser implementada em forma de lei, o que obriga que o assunto tramite por longos procedimentos e debates parlamentares.

A excisão, que consiste na ablação parcial ou total dos órgãos genitais, foi oficialmente proibida por um decreto ministerial de 1997, seguida de uma revogação para permitir aos médicos realizar o procedimento "em caso de doença".

No entanto, a prática ainda é realizada de maneira clandestina em grande escala. O procedimento é especialmente encorajado pelas mães, que acreditam que deste modo preservam a virtude de suas filhas.

De acordo com um estudo governamental realizado em 2000, a excisão afeta 97% de egípcias, tanto seguidoras do cristianismo quanto do islamismo.

Líderes mulçumanos e cristãos já deixaram claro que a excisão não tem "nenhuma base em textos" sagrados, mas ainda assim, muitos egípcios continuam acreditando que a prática está ligada a um preceito religioso.

Uma campanha audaciosa foi lançada em 2003 sobre este tabu no Egito, com spots na televisão, a divulgação de livretos e palestras de militantes alertando para os perigos do procedimento.

A primeira-dama egípcia, Suzanne Moubarak, envolvida na luta contra a excisão, pediu nesta quinta-feira a adoção de uma lei criminalizante contra esta prática e declarou a batalha contra a mutilação de órgãos genitais femininos como "prioridade nacional".

"Nós parabenizamos com a proibição da mutilação genital feminina, mas a questão-chave é saber se isto será posto em prática", declarou à AFP Sara Leah Whitson, diretora da divisão para o Oriente Médio e a África do Norte da ONG Human Rights Watch (HRW).

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 100 a 140 milhões de jovens são submetidas à mutilação sexual no mundo. Por ano, dois milhões de meninas sofrem o procedimento.

A excisão pode provocar a morte por hemorragia. Também causa mortes no parto, problemas com cicatrização, retenção de urina e traumas psicológicos.

No total, 28 países africanos praticam as mutilações genitais femininas.

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