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O recém-eleito presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi fala durante cerimônia de posse | REUTERS/Egyptian Presidency/Handout via Reuters
O recém-eleito presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi fala durante cerimônia de posse| Foto: REUTERS/Egyptian Presidency/Handout via Reuters

Novo presidente do Egito faz discurso de posse

O ex-chefe do Exército Abdel-Fattah el-Sisi, que tomou posse como presidente do Egito neste domingo, disse que não haverá reconciliação com qualquer um que "tenha cometido crimes" ou "adotado violência" contra os egípcios, em uma referência velada à Irmandade Muçulmana e outros islâmicos.

"Haverá uma reconciliação entre os filhos de nossa nação, com exceção daqueles que tenham cometido crimes ou adotado violência contra eles", disse el-Sisi para um plateia de mais de 1 mil convidados no palácio de Quba, no Cairo. Entre os convidados estavam políticos, clérigos, figuras públicas e celebridades.

Embora não tenha mencionado o nome da Irmandade Muçulmana, a declaração foi uma referência aos seguidores de Mohammed Morsi, o presidente islâmico que el-Sisi retirou do poder em julho, e a militantes islâmicos que têm proferido ataques contra o governo. A Irmandade Muçulmana foi declarada grupo terrorista em dezembro pelo governo. A declaração de el-Sisi também coincide com a prisão de milhares e a morte de centenas de seguidores de Morsi.

El-Sisi disse que irá combater a corrupção, promover a segurança regional e a estabilidade. Ele ainda utilizou-se da bandeira dos defensores da democracia e dos jovens ativistas, que boicotaram as eleições presidenciais no mês passado. Em seu discurso de 55 minutos, falou de "liberdade e justiça social", o principal slogan dos jovens que estiveram à frente as manifestações de janeiro de 2011, que culminaram com o regime de 29 anos de Hosni Mubarak.

O ex-chefe do Exército Abdel-Fattah el-Sisi tomou posse como presidente do Egito neste domingo (8), assumindo um mandato de quatro anos de uma nação profundamente dividida que vem enfrentando violentas manifestações e uma grave crise econômica desde o levante de 2011.

A posse de El-Sisi veio menos de um ano após o oficial de infantaria de 59 anos depor o primeiro presidente eleito do país Mohammed Morsi, na esteira de gigantescos protestos que exigiam a renúncia do líder islâmico.

El-Sisi prestou juramento na sede do Supremo Tribunal Constitucional, ao sul do Cairo, o mesmo lugar onde Morsi, que agora está sendo julgado por acusações que podem levá-lo a ser condenado à pena de morte, assumiu como presidente há dois anos.

O prédio do tribunal, que foi projetado para se assemelhar a um antigo templo egípcio, é próximo de um hospital militar onde está detido o ex-ditador deposto Hosni Mubarak. Afastado do poder pelo levante de 2011, após quase 30 anos como presidente do Egito, Mubarak foi condenado a três anos de prisão, por corrupção, no mês passado. Ele também está sendo submetido a um novo julgamento por não ter conseguido conter o massacre de centenas de manifestantes durante a revolta de 18 dias ocorrida três anos atrás.

Por ocasião da posse, hoje foi declarado feriado nacional no Egito e policiais e soldados foram mobilizados em toda a cidade do Cairo. Após chegar de helicóptero, El-Sisi entrou no salão da cerimônia ao lado do presidente interino, Adly Mansour, que vai retomar o cargo de presidente do Supremo Tribunal Constitucional após passar quase um ano na presidência.

Do lado de fora do prédio, cerca de 100 simpatizantes de El-Sisi agitavam bandeiras do Egito e carregavam pôsteres do novo presidente.

El-Sisi é o oitavo presidente do Egito desde a queda da monarquia, em 1953. Com a exceção de Morsi e de dois civis que serviram interinamente, todos os demais presidentes egípcios vieram das Forças Armadas.

Dezenas de autoridades locais e estrangeiras assistiram à cerimônia de posse, incluindo os reis da Jordânia e Bahrein, o emir do Kuwait e os príncipes herdeiros da Arábia Saudita e Abu Dabi, que faz parte dos Emirados Árabes Unidos. As cinco nações árabes apoiaram o afastamento de Morsi por El-Sisi e, desde então, os governos saudita, kuwaitiano e dos Emirados Árabes Unidos têm fornecido bilhões de dólares ao Cairo para ajudar na recuperação financeira do Egito.

El-Sisi teve uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais realizadas no mês passado, conquistando quase 97% dos votos. O índice de comparecimento dos eleitores às urnas foi de 47,45%. Fonte: Associated Press.

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