• Carregando...
Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Sistema é parecido com o do Brasil

Buenos Aires – Além de presidente e vice-presidente, os argentinos irão às urnas hoje para escolher 24 senadores e 130 deputados. Se mesmo o principal pleito está "sofrendo" com a falta de interesse da população, a disputa pelos cargos legislativos é completamente apática. Nas ruas, quase nenhuma menção aos candidatos.

O sistema eleitoral argentino é muito parecido com o do Brasil. Para presidente são dois turnos. Um candidato pode ser vencedor já no primeiro turno se cumprir uma de duas condições: obter 45% dos votos ou receber mais de 40% dos votos e ficar com 10 pontos porcentuais a mais que o segundo colocado.

O voto para senador e deputado é feito no sistema de lista fechada. Para o Senado, cada lista contém dois nomes para titulares e dois para suplentes. Para deputado, a lista tem mais nomes. Os primeiros das listas mais votadas se elegem.

Buenos Aires – Se as pesquisas estiverem certas, hoje os Kirchner garantem o segundo mandato à frente da Argentina. Em parte por causa de um governo bastante popular do marido, em parte por causa de uma oposição mal-organizada, Cristina Fernández de Kirchner tem grandes chances de se consagrar a primeira mulher eleita presidente do país.

Ao contrário do que normalmente ocorre nos casos "mulher sucede ao marido", ela não é apenas um fantoche político do presidente Néstor Kirchner. Para muitos, inclusive, Cristina é mais habilidosa do que o companheiro. Eleita senadora pela primeira vez em 1995, ela foi a grande articuladora do governo nos últimos quatro anos no Congresso. Aprendeu a ouvir a oposição, dizem seus aliados, coisa que Nestor nunca soube fazer.

Para chegar até aqui, o casal K – como os jornalistas os chamam aqui – provou-se proprietário de uma indumentária conhecida dos brasileiros: a blindagem corrupção. Assim como Lula, Kirchner continuou com a popularidade em alta mesmo após vários escândalos envolvendo seu governo.

Uma das explicações para o fenômeno é sem dúvida o programa de transferência de renda para os mais pobres. Outra é o próprio contexto econômico. Kirchner pegou o país dois anos depois de uma grave recessão que deixou mais da metade dos argentinos na pobreza. Desde que assumiu, baixou o índice de desemprego e colocou a economia argentina para galopar. Mérito, mas não só dele.

O "jockey" utilizado por Kirchner chama-se Roberto Lavagna. Eles foram parceiros até o fim do segundo ano de governo, em 2005. Foi quando por algum motivo que nunca se tornou público Lavagna renunciou ao cargo de Ministro da Economia. Agora ele concorre à presidência, apresentando-se como uma alternativa ao casal Kirchner. Nas pesquisas, é o terceiro colocado.

Pouco à frente dele está a candidata de centro-esquerda Elisa Carrió. Lilita, como também é chamada, concorreu nas eleições passadas e terminou num tímido quinto lugar. Dessa vez, conta com um apoio maior, especialmente do eleitorado mais escolarizado. Há chances de que vá para o segundo turno. Os indecisos (8%) e anti-Kirchner possivelmente encontrem no fato de ela estar em segundo nas pesquisas um bom motivo para escolhê-la. É o caso do aposentado Polo Vázquez, 70 anos. "Os Kirchner fazem como Perón, entregam gratuitamente casas pro povo. As pessoas têm que ter trabalho para construir a própria casa – e não recebê-la em troca de um voto." Não querendo Cristina, Vázquez decidiu votar em Carrión.

Na quarta posição está o peronista e governador de San Luiz, Alberto Saa. "Ele é mais peronista que a Cristina, por isso vou votar nele. Mas se houver segundo turno entre Cristina e Carrió, voto em Cristina", diz Carlos Guevara, um vendedor de doces em La Boca, Buenos Aires.

Quem quer que seja eleito presidente, os desafios para os próximos quatro anos são grandes. O governo Kirchner ficou marcado por uma melhoria econômica, mas sua herança não é propriamente boa: a falta de energia e a inflação são alguns dos problemas à vista.

Caso o plano dos Kirchner seja mesmo implementar uma dinastia (de modo que os dois se revezem no poder pelos próximos vários anos), o governo de Cristina terá de mostrar trabalho para chegar bem nas urnas em 2011. E lá a comparação não será com a de uma época de recessão, e sim com a do próprio governo deles.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]