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Mulheres indígenas participam de evento da campanha de Evo Morales: com grande apoio popular, presidente boliviano caminha para o terceiro mandato | David Mercado/Reuters
Mulheres indígenas participam de evento da campanha de Evo Morales: com grande apoio popular, presidente boliviano caminha para o terceiro mandato| Foto: David Mercado/Reuters

Concorrentes

Cinco candidatos disputam a presidência da Bolívia, sendo que três aparecem com mais destaque.

• Evo Morales

O atual presidente, que há nove anos governa a Bolívia, está prestes a completar 55 anos. Nascido na região andina de Oruro, trabalhou desde criança e desempenhou todos os ofícios imagináveis, de pastor de lhamas a líder ‘cocalero’ (de produção de coca). Críticos e opositores o acusam de exercer o poder com uma crescente soberba, mas em seu partido ninguém faz sombra na liderança no governo. Um dos fatores que contribuem para sua elevada popularidade é percorrer quase diariamente cada canto do país.

• Doria Medina

O principal candidato de oposição tem 55 anos e enfrenta pela terceira vez o desafio de transformar seu sucesso empresarial em um atrativo político. Ele perdeu para Evo Morales nas eleições de 2005 e 2010. Candidato da frente conservadora Unidade Democrata (UD), o administrador de empresas nascido em La Paz apresenta como trunfos o talento como administrador, sua experiência no campo econômico e a geração de milhares de empregos. Para tentar alavancar sua candidatura, se aliou a líderes de direita.

• Jorge Quiroga

O político conservador que presidiu a Bolívia entre 2001 e 2002 volta a enfrentar Evo Morales nove anos depois. O político de 64 anos nasceu em Cochabamba e estudou Engenharia Industrial nos Estados Unidos. Então vice-presidente, tomou as rédeas da Bolívia em 2001 após a morte do ex-ditador Banzer. Quiroga, que concorre pelo Partido Democrata Cristão (PDC), criticou o "desperdício" econômico do governo e sua ação na luta antidrogas. Uma de suas propostas é que a Bolívia se una à Aliança do Pacífico.

6,2 milhões de bolivianos, incluindo 272.058 residentes em outros 33 países, estão cadastrados para votar na eleição de hoje. Eles estão distribuídos em um novo mapa eleitoral que foi motivo de polêmica nos últimos meses. Nas regiões de Potosí, Chuquisaca e Beni, houve protestos porque cada uma delas perdeu um legislador.

  • Evo Morales: popularidade e liderança sem ameaças
  • Doria Medina (2º da esq. para dir.): terceira tentativa

Evo Morales, o ex-plantador de coca que deverá sair vencedor da eleição de hoje, ganhando um terceiro mandato como presidente da Bolívia, se tornou uma espécie de instituição no país. Estádios, mercados, escolas, negócios estatais e até vilarejos receberam o nome dele.

O primeiro indígena presidente do país construiu uma imagem em cima da origem de homem comum, de uma retórica anti-imperialista e da consolidação do partido, o Movimento Para o Socialismo, no controle das instituições estatais. Mas a permanência no poder pode ser creditada ao crescimento econômico do país e à estabilidade política.

Desde que assumiu a presidência, em 2006, um crescimento nos preços das commodities aumentou as exportações, o país acumulou US$ 15,5 bilhões em reservas internacionais e o crescimento econômico anual foi em média de 5% ao ano, acima da média regional.

Morales usou uma herança inesperada para criar subsídios para escolas e pensões para idosos. Cerca de meio milhão de pessoas saíram da pobreza durante a gestão dele. "Vou votar em Evo. Ele faz as coisas serem construídas e é um de nós", afirmou Juana Acarapi, uma mulher de 42 anos que vende pão e refrigerante do lado de fora da casa em que mora.

Pesquisas indicam que o candidato de 55 anos vai ganhar a eleição facilmente. Na última sondagem, Morales tinha 59% das intenções de voto, 40 pontos porcentuais acima do segundo colocado, Samuel Doria Medina, um magnata do cimento e de uma rede de fast food. A pesquisa Equipos Mori, publicada em 3 de outubro, mostrava a vitória de Morales em todos os nove estados bolivianos.

A meta de Evo não é apenas bater seu recorde anterior, de 64% dos votos em 2009, mas também manter os dois terços de apoio no Senado e na Assembleia, afirma Marcelo Silva, cientista político da Universidade Mayor de San Andres, em La Paz. Legado de Evo Morales tem monumentos e rusga com ambientalistas

Monumentos ao poder de Evo Morales espalhados pela Bolívia incluem um museu na sua cidade natal e o vilarejo de Puerto Evo, construído para substituir um acampamento devastado por inundações no estado de Pando. No centro da capital, multidões estão construindo um segundo palácio presidencial, com 20 andares e um heliporto.

"Nós vamos derrotar os imperialistas, os traidores, os separatistas e os neoliberais", afirmou Morales no último comício de sua campanha, na última quarta-feira. Apesar do discurso, ele não é socialista, afirma Eduardo Gamarra, cientista político da Florida International University. "Com algumas variações em relação ao controle do estado, Morales seguiu o modelo econômico anterior", afirma Gamarra. Ele ganhou a inimizade de ambientalistas e de muitos indígenas ao promover a mineração e planejar uma rodovia que atravessaria uma reserva indígena. Apesar dos avanços econômicos, a Bolívia permanece como um dos países mais pobres da América do Sul.

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