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Favorito nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da França, o conservador Nicolas Sarkozy tem grandes chances de vencer as eleições também no Brasil. A preferência pôde ser percebida depois que ele venceu o primeiro turno com 39,6% dos quase 3.200 eleitores franceses que votaram em seções consulares no Brasil, e pode se confirmar próximo sábado (5), um dia antes do pleito oficial na França, quando votam os eleitores radicados por aqui.

Entre os eleitores que votam em São Paulo há dois renomados chefs de cozinha: Laurent Suaudeau, que ficou famoso com o restaurante que levava seu nome, e Marie Anne, que comanda a cozinha do restaurante Window, no hotel Gran Meliá Mofarrej. Ele vota no conservador Sarkozy. Ela, na socialista Ségolène.

"O discurso de Sarkozy me agrada. Precisamos colocar as coisas em ordem. Ele defende valores republicanos que estão acima de qualquer ideologia, baseados no respeito à cidadania", disse, em entrevista ao G1, o chef Suaudeau, um dos quase 11 mil franceses inscritos, que podem votar no Brasil. Ele votou no primeiro turno e deve comparecer no sábado ao Consulado Geral em São Paulo para apoiar o candidato conservador.

Diretor da Escola das Artes Culinárias Laurent, Suaudeau está no Brasil há 26 anos, mas não rompe o "cordão umbilical", como diz, com a França. "Se hoje eu consegui o que eu tenho é por causa da minha formação francesa, de valor pelo trabalho, e jamais vou me desligar disso. O país tem que dar todos os instrumentos ao cidadão para ele vencer, mas não tem que ser assistencialista", disse.

Em São Paulo, onde há mais eleitores franceses no país, Sarkozy teve 47,1% dos votos, contra 26,2% da socialista Ségolène Royal e 20,2%, do centrista François Bayrou. No total do Brasil, os três candidatos tiveram, respectivamente, 39,6%, 32,9% e 19,2% dos votos.

Chance de virada

Mas nem tudo está perdido para os eleitores da socialista Ségolène Royal, adversária de Sarkozy no segundo turno da presidencial. "Nada está decidido nesta eleição francesa, e Ségolène ainda tem chance de vencer. Eu vou votar nela", rebateu a também chef Marie Anne Bauer, que mora há 17 anos no Brasil e continua participando da política francesa.

De fato, os brasileiros parecem ter grande simpatia por Ségolène. Mesmo tendo perdido no total dos votos por uma diferença de 6,7 pontos percentuais (na França a diferença no primeiro turno foi de 5,3 pontos), ela ganhou em quatro das oito seções consulares no país: Brasília, recife, Salvador e Belo Horizonte preferem Ségolène Royal.

Marie Anne comanda a cozinha do restaurante Window, no hotel Gran Meliá Mofarrej, em São Paulo. Além de partidária de Ségolène, ela diz ter verdadeiro medo de uma vitória conservadora. "Para mim, Sarkozy é um pequeno Le Pen [candidato da extrema direita]. Acho ele muito radical, e tenho muito medo da extrema direita. A França é o meu país e eu não queria um regime fechado de direita no meu país."

Segundo uma francesa radicada em São Paulo há um ano e meio, eleitora de esquerda, Sarkozy venceu com facilidade em São Paulo porque a maior parte dos franceses que vivem na cidade é formada por empresários e executivos, que têm o pensamento mais alinhado com a proposta liberal do candidato conservador. A entrevistada disse ter votado em Ségolène no primeiro turno e pediu para não ser identificada por ser empregada do ministério de Relações exteriores da França.

A discrepância entre os 10.889 eleitores inscritos no Brasil e os 3.198 votos do primeiro turno está na não obrigatoriedade do voto francês. A exemplo do que aconteceu na França, onde cerca de 85% dos eleitores votaram, a disputa deste ano atraiu um número de votantes maior de que o normal também aqui.

"A eleição deste ano atraiu muito mais gente a votar aqui em São Paulo de que o normal. Cerca de 30% dos eleitores cadastrados compareceram, quando a média é de até 20% de presença", disse Stephane Casteran, adido de imprensa do Consulado em São Paulo.

Se a participação dos franceses radicados no Brasil aumentar neste segundo turno, Ségolène tem chances matemáticas de dar o troco em Sarkozy. Mas no final das contas deve fazer pouca diferença no resultado geral que vai escolher o sucessor de Jacques Chirac.

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