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Entrevista

Eleições determinarão futuro político e econômico dos Estados Unidos

Alexander Keyssar, professor de História e Políticas Sociais da Universidade de Harvard

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Para a maioria dos analistas norte-americanos, as próximas eleições legislativas são decisivas para os rumos que os EUA tomarão a partir de 2011. Mas poucos têm uma visão tão "fatal" como o professor Alexander Keyssar, que ensina História e Políticas Sociais na conceituada Escola de Governo Kennedy, da Universidade de Harvard.

Qual a importância das eleições de 2 de novembro para os Estados Unidos?

Estas eleições vão determinar se os EUA vão entrar ou não em uma espécie de paralisia política nos próximos dois anos, e se algumas das alterações legislativas, lideradas por Obama, serão revogadas ou revistas significativamente. Falando das reformas pretendidas por Obama, um desempenho ruim dos democratas comprometeria também outros planos políticos do presidente, como a aplicação de maiores tributos aos mais ricos e o aperfeiçoamento da reforma do sistema de saúde. O fato é que o impacto político às reformas seria imenso e isto já está bem claro por aqui.

E as reformas econômicas sinalizadas por Obama? Elas não seriam essenciais para que o país se recupere da crise pela qual passou?

Esse é um outro assunto muito preocupante e que ainda não sabemos como será resolvido. Se a economia continuar enfraquecida, será necessário que novos estímulos sejam criados pelo governo a fim de reaquecer e tentar normalizar o mercado. Será que os republicanos permitirão isso caso alcancem a maioria no Congresso? Creio que não.

Qual a importância do "Tea Party" nas disputas eleitorais deste ano?

Essa é uma excelente pergunta, já que há muito em jogo aí. O "Tea Party" é importante, mas trata-se de um movimento que fala apenas a uma pequena parcela dos eleitores. Mas, antes de subestimá-los, precisamos estar atentos a um fenômeno muito específico dessas eleições: o baixo interesse da população em votar.

Então os simpatizantes do "Tea Party", de algum modo, podem fazer a diferença?

O que se espera neste ano é uma participação de 35% do eleitorado. Tendo em vista este cenário, espera-se que os votantes do Tea Party não alcancem entre 8% e 12% do total de eleitores. É um número pequeno, mas vale lembrar que estamos falando de um grupo absolutamente passional e barulhento. E se apenas 35% do eleitorado ir às urnas, mesmo um grupo pequeno como o "Tea Party" pode, sim, fazer a diferença.

Em 2008, durante a disputa presidencial, foi entre os latinos que os democratas conseguiram algumas das maiores margens de vantagem frente aos republicanos. Qual a importância desses imigrantes nas eleições deste ano?

Trata-se de uma comunidade muito grande nos EUA.

E eles estão bastante infelizes com a ausência de reformas no que diz respeito às leis de imigração. Ao mesmo tempo, também estão furiosos com leis anti-imigração como a do Arizona. Se os latinos forem às urnas votar em peso – como fizeram em 2008 durante as eleições presidenciais – é possível que sejam decisivos em muitos estados, principalmente no Arizona e na Califórnia.

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