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Crise

Eleito na França terá de enfrentar políticas da UE, dizem analistas

Nicolas Sarkozy (esq.) com François Hollande, em Paris | Lionel Bonaventure/AFP
Nicolas Sarkozy (esq.) com François Hollande, em Paris (Foto: Lionel Bonaventure/AFP)

O posicionamento de Fran­­çois Hollande na campanha eleitoral contra as medidas de austeridade da União Eu­­ropeia (UE) conquistou eleitores insatisfeitos e o levou à vitória nas eleições francesas do último domingo. Eleito presidente da França, o socialista – que até então não tinha nenhuma experiência em cargos públicos – agora tem como desafio transformar seu discurso de campanha em realidade.

O problema é que o reposicionamento do bloco econômico europeu não depende somente da França. Para especialistas, o momento de Hollande comemorar os resultados das eleições já acabou. Sua tarefa agora é convencer a chanceler alemã Angela Mer­­kel, que defende corte nos gastos governamentais, de que a Europa precisa voltar às políticas de crescimento.

Segundo o professor de economia do curso de Relações Internacionais das Faculdades Rio Branco Rogerio Buccelli, Hollande tem uma "batata quente nas mãos". "Ele precisa cumprir o que prometeu em campanha, gerando mais empregos e combatendo a desigualdade. Para isso, deve se projetar politicamente e ganhar espaço na União Europeia", diz.

Buccelli afirma que, sem espaço no bloco, a França dificilmente conseguirá lutar contra a austeridade. Mas antes de conquistar visibilidade internacional, o novo presidente precisa conseguir respaldo no parlamento francês, cuja maioria dos representantes ainda é da ala política de Nicolas Sarkozy. "Conseguindo o apoio doméstico, a missão de Hollande é capitalizar suporte político em outros países da União Europeia e, então, levar a situação para Angela Merkel", diz Buccelli.

Negociações difíceis

Para o macroeconomista das Faculdades Integradas do Brasil, Wilhelm Meiners, as negociações entre a França e a Alemanha não serão fáceis. O maior problema está em convencer Berlim de que o pacote de austeridade não tem mais sustentabilidade para a Europa.

"Angela Merkel deve fazer resistência (em renegociar o corte nos gastos) por causa de pressões de seus grupos de apoio, como bancos e empresas internacionais", prevê.

Para Meiners, o pacto fiscal assinado em 2011 – que protege a unidade do euro e a estrutura da União Europeia – está comprometendo o desenvolvimento de determinados países.

O exemplo mais gritante dado pelo professor é o caso da Grécia, cujo voto de protesto deixou o país em uma indefinição a respeito do governo. "Os gregos chegaram a ameaçar, nos últimos dias, em deixar a zona do euro e abandonar as medidas de austeridade."

Para Buccelli, a situação da Grécia pode servir de ban­­deira para que Hollande con­­siga capitalizar apoio dos­­ europeus para redefinir as­­ políticas de austeridade. "Le­­van­­tando a crise grega, ele pode ganhar espaço na União Europeia e justificar as medidas de desenvolvimento que defendeu durante a campanha", observa.

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