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John Kerry
John Kerry, enviado especial para o clima do governo Joe Biden, com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva em Brasília, fevereiro de 2023.| Foto: EFE/ Andre Borges

Em uma entrevista recente, o político americano John Kerry, quando indagado sobre a hipocrisia demonstrada por ativistas que voam em aviões particulares para a conferência anual do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) em Davos, na Suíça, defendeu os viajantes de elite, insistindo que eles se esforçam para "compensar" suas pegadas exageradas de carbono.

“Bem, na verdade eles – eu já falei com eles sobre isso. Eles compensam o carbono emitido”, disse o ex-secretário de Estado ao Yahoo News em uma entrevista publicada na tarde de sexta-feira, 24 de março.

“Eles compram compensações de carbono. Eles estão trabalhando mais do que a maioria das pessoas que conheço para tentar efetuar a transição para um mundo mais sustentável”, acrescentou Kerry. As compensações de carbono são reduções nas emissões de carbono utilizadas para anular o uso de combustíveis emissores de carbono em outros lugares. Elas podem ser compradas em algumas circunstâncias.

Kerry foi uma das principais personalidades liderando as discussões em torno da mudança climática em Davos em janeiro deste ano. O encontro atraiu quase três mil participantes, incluindo líderes empresariais, políticos e acadêmicos.

“Não estou convencido de que vamos chegar lá a tempo de fazer o que os cientistas disseram e conseguir evitar as piores consequências da crise. As consequências piores vão afetar milhões de pessoas em todo o mundo, [na] África e em outros lugares”, disse Kerry durante um debate.

“Então, como chegaremos lá? Bem, a lição que aprendi nos últimos anos, como secretário, e tenho aprendido desde então, de forma constante, é: dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro. Lamento dizer isso”, acrescentou.

Enquanto os participantes se reuniam em Davos em janeiro deste ano, a organização Greenpeace, de defesa do meio ambiente, lançou uma campanha exigindo que os aviões a jato particulares fossem banidos do fórum chamando a atenção para a “hipocrisia ecológica de seus participantes”.

“A Europa está passando pelos dias mais quentes já registrados em janeiro, durante o inverno, e as comunidades em todo o mundo estão enfrentando eventos climáticos extremos, sobrecarregados pela crise climática”, disse a porta-voz da organização, Klara Maria Schenk, em uma declaração.

“Enquanto isso, os ricos e poderosos vão em bando para Davos em jatos privados ultrapoluentes e socialmente injustos para discutir o clima e a desigualdade por trás de portas fechadas", acrescentou Schenk.

O Greenpeace encomendou um estudo, publicado antes da reunião do WEF de 2023, mostrando que 9.700 toneladas de CO2 foram liberadas na atmosfera como resultado da viagem de jatos particulares para a conferência, o equivalente a 350 mil veículos.

A pesquisa também descobriu que mais da metade dos jatos particulares com destino a Davos fizeram voos curtos, envolvendo menos de 800 km de viagem que "poderiam ser facilmente viagens de trem". Outros 38% fizeram viagens consideradas “ultracurtas”, ou seja, com menos de 20 km.

Kerry também negou ter usado aviões particulares. Quando perguntado sobre notícias que ele havia trocado recentemente voos privados por comerciais, o enviado especial do clima disse que foi um mal-entendido.

"Eu já fiz um, talvez dois, voos privados. Foram voos militares americanos para chegar na China durante a pandemia de Covid, quando fomos forçados a isso. Mas eu uso voos comerciais", disse.

A família de Kerry vendeu um jato particular no ano passado, noticiou a Fox News. O jato havia feito 48 viagens de 60 horas ou mais e liberado cerca de 325 toneladas de carbono desde que Kerry foi nomeado para o governo Biden.

©2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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