
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, anunciou formalmente ontem sua renúncia, após 15 meses no cargo.
O premiê divulgou sua decisão após o Parlamento japonês aprovar duas leis promovidas por ele relativas à reconstrução do país após o terremoto seguido de tsunami de 11 de março. Kan, o quinto político a ocupar o cargo nos últimos cinco anos, vinha amargando níveis baixíssimos de popularidade devido a sua gestão da crise nuclear na central de Fukushima.
No início de junho, o líder japonês já havia garantido que renunciaria uma vez canalizada a reconstrução do país com a aprovação de três leis.
A primeira delas, relativa ao orçamento extraordinário para a reconstrução das áreas destruídas pelo terremoto, foi aprovada em julho. Já nesta sexta, o Parlamento aprovou uma lei que permitirá emitir novos títulos da dívida pública para financiar a reconstrução e outra que promove o uso de energias alternativas e renováveis.
"Já que foram cumpridos os três requisitos que estipulei, vou deixar o cargo de presidente do partido, como me comprometi a fazer no dia 2 de junho passado", explicou Kan durante reunião da executiva do Partido Democrático (PDJ) nesta sexta. "Uma vez eleito o novo presidente (do PDJ), abandonarei o cargo de primeiro-ministro", acrescentou o governante, em referência às eleições internas para o novo líder da legenda, previstas para a próxima segunda-feira.
O PDJ possui maioria de membros no Parlamento japonês, de modo que o líder previsivelmente se transformará no novo primeiro-ministro do país.
A campanha para a eleição de um novo presidente do partido começa hoje. O ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, e o ex-ministro dos Transportes Seiji Maehara já anunciaram sua intenção de concorrer ao pleito.
A emissora pública de TV NHK disse que Ichiro Ozawa, um influente mediador político, apoiaria o ministro de Comércio Banri Kaieda, que se distanciou da dura política antinuclear de Kan, ao invés de Seiji Maehara, que tem forte aprovação dos eleitores comuns.
O sucessor de Kan enfrentará enormes desafios, como um iene forte, visto como uma ameaça à economia dependente de exportações, a reconstrução após os desastres de março, inclusive uma crise de radiação em uma usina nuclear destruída, a elaboração de uma nova política de energia, e a necessidade de frear uma enorme dívida pública enquanto financia crescentes custos de bem-estar social, em uma sociedade que está envelhecendo.
A agência de classificação de risco Moodys rebaixou nesta semana a qualificação da dívida soberana do Japão, citando a alta rotatividade na liderança do país como um obstáculo a políticas econômicas eficazes.
O PD chegou ao poder após ganhar as eleições de agosto de 2009, após 54 anos de liderança quase ininterruptos de domínio da oposição.



