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O ministro das Relações Exteriores do Panamá, Javier Martínez-Acha, afirmou nesta quinta-feira (13) que somente o país tem autoridade para convocar outras nações a fim de defender a operatividade do Canal do Panamá em caso de “ameaça”. A declaração surge após a divulgação de uma reportagem da emissora americana NBC News, que revelou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou que o Comando Sul das Forças Armadas desenvolvesse “opções” para aumentar a presença militar americana no canal.
A NBC, citando fontes do governo dos EUA, informou que o plano de Trump faz parte de uma estratégia para conter a crescente influência da China na região. Segundo as informações divulgadas, entre as opções discutidas estão o fortalecimento da parceria com as forças panamenhas e, em um cenário mais extremo, uma ação militar para retomar o controle da via interoceânica, caso as negociações com o governo panamenho não avancem.
Diante dessas informações, Martínez-Acha enfatizou que o canal está sob total controle do Panamá e que a soberania do país não será comprometida.
"O Canal é operado pelos panamenhos e, em caso de ameaça, os únicos que podem convocar outras nações para defender a operatividade do Canal é nosso país, é o presidente da República", afirmou o chanceler, garantindo que "o povo panamenho pode estar tranquilo, que o Canal segue sendo nosso e assim seguirá sendo."
Segundo a NBC, os EUA atualmente mantêm cerca de 200 militares no Panamá, mas o governo Trump quer ampliar esse número para garantir a “segurança do canal” e evitar a interferência chinesa. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, deve visitar o país no próximo mês para discutir o assunto.
Apesar da aparente tensão, Martínez-Acha destacou que Panamá mantém uma comunicação constante com os Estados Unidos e que as relações bilaterais incluem uma cooperação ativa na área de segurança. O chanceler lembrou que Washington já forneceu apoio logístico ao país, como a doação de oito helicópteros bimotor no ano passado, usados para operações contra o narcotráfico e a imigração ilegal.
Porém, quando questionado sobre a possibilidade de envio de tropas americanas para reforçar a segurança do canal, Martínez-Acha foi enfático: “não, em absoluto” houve qualquer discussão nesse sentido. O governo panamenho, segundo ele, “se mantém firme na defesa de seu território, do canal e de sua soberania.”
Os EUA construíram e administraram o Canal do Panamá por mais de 80 anos, até que a via foi oficialmente transferida ao governo panamenho em 31 de dezembro de 1999, conforme estipulado nos Tratados Torrijos-Carter de 1977. Desde então, o Panamá tem reforçado a importância do canal como um ativo estratégico e soberano.







