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Colômbia

Em videoclipe, Farc aceitam negociação e criticam o Brasil

Guerrilheiros colombianos fazem apresentação musical em que ironizam governo e dizem não guardar “ódio nem rancor”

O comandante das Farc, Rodrigo Londoño (e), conhecido como Timochenko, em vídeo divulgado pela guerrilha | Reprodução de televisão/AFP
O comandante das Farc, Rodrigo Londoño (e), conhecido como Timochenko, em vídeo divulgado pela guerrilha (Foto: Reprodução de televisão/AFP)

As Forças Armadas Revolu­­cionárias da Colômbia (Farc) responderam ontem de forma inusitada ao anúncio de negociações de paz com o governo. Divulgaram um clipe musical pela internet, recheado de ironia, em que dizem que aceitam negociar a paz "sem ódios nem rancor".

O vídeo, de pouco mais de quatro minutos, é a primeira reação da guerrilha desde que Santos confirmou, na semana passada, as conversas com as Farc para negociar o fim das quase cinco décadas de conflito armado.

"Chegamos à mesa de diá­­logo sem rancores nem ar­­rogâncias", diz Rodrigo Lon­­doño, o Timochenko, o guerrilheiro que assumiu o comando do grupo em 2011.

Depois, surgem guerri­­lhei­­­­ros, vestidos com camisas de "Che" Guevara, cantan­­do ao som de cúmbia, um ritmo latino popular, que o "pedante e burguês" Santos teve de recorrer ao diálogo porque não conseguiu derrotá-los militarmente. "Ai, eu­­ vou para Havana/ desta vez­­­­ para conversar/ com o bur­­­­guês­­ que nos buscava/ e não­­ nos pôde derrotar", diz o re­­frão.

A letra critica o Brasil por vender à Colômbia aviões militares Super Tucanos, da Embraer. A Colômbia tem 25 aviões do tipo, um dos trunfos dos militare s, pela adaptação ao combate na selva.

Os guerrilheiros-cantores, três homens e uma mulher, também citam o Plano Colômbia, "um plano que foi feito pelos gringos/ dólares com policiais", dos EUA.

Desde 2000, Washington transferiu US$ 8 bilhões a Bogotá para luta antidroga e anti-Farc. Além do tom provocativo, a canção é uma mensagem para levantar o moral dos combatentes, aproximadamente 8 mil.

A canção louva chefes da­­­­­­ guerrilha mortos, inclu­­in­­­­do o fundador Manuel Ma­­ru­­lan­­da, e afirma que as Farc não­­ desistirão de objetivos his­­tóricos – nascida marxista, a guerrilha se financia com o narcotráfico.

A retórica revolucionária é substituída por uma agenda reformista para "por freio ao capital explorador". "Que fiquem na pátria/as riquezas naturais", cantam.

O presidente Santos deve anunciar nos próximos dias detalhes sobre a negociação, que, segundo o governo, não implicará fim de combates.

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