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Células-tronco produzidas a partir de embriões humanos abrigam-se em olhos, corações e artérias danificados de ratos e camundongos, e aparentemente dão início à recuperação dos tecidos, afirmou na segunda-feira uma empresa norte-americana.

A Advanced Cell Technology, com sede em Massachusetts, disse ter desenvolvido uma forma simples de produzir células precursoras de vasos sanguíneos a partir das células-tronco, e pretende testá-las em seres humanos.

"Descobrimos como produzir literalmente bilhões dos chamados 'hemangioblastos' - a mítica célula do embrião que dá origem a todo nosso sistema sanguíneo e imunológico, assim como aos vasos sanguíneos de nosso corpo", disse por email Robert Lanza, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento científico da ACT.

"Também já testamos essas células em animais pela primeira vez, e elas revelaram ter um potencial reparador incrível."

As células-tronco embrionárias são as células-mestras do corpo, precursoras de todos os tecidos e órgãos. O uso dessas células é polêmico porque é necessário destruir o embrião.

O Congresso dos Estados Unidos já aprovou várias medidas ampliando o financiamento federal para as pesquisas com as células-tronco embrionárias, mas o presidente George W. Bush já vetou uma e promete vetar as próximas. Com financiamento privado, como é o caso da ACT, as pesquisas são livres.

É difícil trabalhar com células-tronco porque muitas das linhagens atuais têm de crescer numa cultura tirada de sangue animal, o que pode contaminá-las com vírus.

No trabalho publicado na revista Nature Methods, a equipe de Lanza afirmou ter descoberto uma forma de cultivar e diferenciar as células-tronco embrionárias humanas sem usar a cultura.

Eles orientaram as células-tronco fazendo-as se transformar no que eles acreditam ser os hemangioblastos, as células precursoras do sistema circulatório. É necessário que outras equipes repitam o procedimento para que ele seja universalmente aceito.

"Quando injetadas na corrente sanguínea, elas se abrigaram no outro lado do corpo e recuperaram vasos danificados dentro de 24 a 48 horas", disse Lanza.

"Injetamos, por exemplo, as células em camundongos com retinas danificadas devido à diabete ou outras lesões no olho. As células (marcadas de verde) migraram para o olho lesionado, incorporaram-se e acenderam toda a vasculatura danificada. As células são muito inteligentes, e, por incrível que pareça, sabiam que não precisavam fazer nada nos olhos não lesionados."

Os pesquisadores mataram os animais para verificar o progresso das células, portanto não têm dados sobre o efeito de longo prazo. "As células também mostraram uma capacidade reparadora notável em animais com enfartes e membros isquêmicos (bloqueados por um coágulo sanguíneo). As células reduzem a mortalidade em 50 por cento depois de um enfarte", disse Lanza.

"Se a mesma coisa funcionar em seres humanos, talvez seja possível evitar que pacientes tenham pernas ou outros membros amputados só de injetar algumas células neles."

William Caldwell, presidente e executivo-chefe da Advanced Cell Techonology, disse que a empresa quer testar as células em seres humanos e já pediu ao FDA (órgão que regulamenta os medicamentos nos EUA) permissão para fazê-lo até o fim de 2008.

"Também temos estudos em andamento indicando que as células podem acelerar consideravelmente a cicatrização de feridas, recuperar danos nos pulmões e até gerar quantidades ilimitadas de glóbulos vermelhos para transfusão", disse Lanza.

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