Os postos de gasolina da Cisjordânia ficaram vazios nesta quinta-feira, dois dias depois de um fornecedor israelense ter suspendido o envio do combustível devido ao não pagamento de contas anteriores, aprofundando a crise nos territórios palestinos.
A empobrecida Faixa de Gaza enfrentava problemas semelhantes devido ao fato de a Autoridade Palestina não ter conseguido pagar cerca de US$ 27 milhões dos US$ 90 milhões devidos à empresa israelense Dor Alon.
Os proprietários de postos de gasolina na Faixa de Gaza, onde vivem 1,4 milhão de palestinos, disseram que seus estoques devem acabar até o final do dia.
Uma autoridade palestina afirmou que negociações estavam sendo realizadas com a Dor Alon - a única fornecedora de gasolina e gás de cozinha para os territórios palestinos -, tentando convencer a empresa a retomar o envio dos produtos. Mas um acordo não havia sido firmado ainda. A Dor Alon não quis fazer comentários sobre o caso.
- Enquanto isso, eu me locomovo caminhando - disse Jawad Ibrahim, um pintor da cidade de Ramallah (Cisjordânia), que agora economiza sua preciosa gasolina para ser gasta apenas nas viagens de longa distância.
A falta de combustíveis, provocada pela crise de liquidez enfrentada pela AP, ameaça aprofundar as dificuldades econômicas surgidas quando os países ocidentais congelaram o envio de ajuda e cortaram relações diplomáticas depois de o grupo militante Hamas ter sido empossado, em março.
- Até agora não há nada de novo. Mas esperamos que, por meio de nossos contatos com eles (os representantes da Dor Alon), possamos resolver essa questão o mais cedo possível - afirmou Mujahed Salameh, chefe da Agência Palestina de Petróleo.
Segundo Salameh, fábricas, padarias e o transporte público podem se ver obrigados a interromper suas atividades devido à falta de combustível. Funcionários de serviços de emergência disseram temer não conseguir chegar a pacientes que moram na zona rural.
Em um posto de Ramallah, sede do governo palestino, uma placa dizia: "Estamos sem gasolina".
- Dentro de uma ou duas horas, nosso estoque terá chegado ao fim. Os outros postos já estão sem gasolina. Não há mais gasolina na cidade - afirmou Ghassan Rajab, que trabalha em um posto de Gaza.
Os motoristas palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, cujos carros são geralmente proibidos de entrar em Israel, não possuem uma fonte alternativa de petróleo e o governo palestino não dispõe de reservas do produto.
Um taxista disse ter tentado comprar gasolina em um assentamento judaico da Cisjordânia. Mas os colonos impediram a passagem dele.
No entanto, em um sinal de que a crise pode diminuir em breve, o Quarteto de mediadores para a paz no Oriente Médio - EUA, União Européia (UE), a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Rússia - decidiu na terça-feira retomar o envio de ajuda financeira para os palestinos.
Foi acertada a criação de um novo mecanismo de canalização dos fundos para os palestinos, mecanismo esse a ser adotado durante um período de teste de três meses e que deve permitir que o dinheiro seja enviado sem passar pelas mãos do governo liderado pelo Hamas.
O grupo militante defende a destruição de Israel, mas aderiu a uma trégua selada há mais de um ano.
O governo israelense também pode contribuir para amenizar a crise, retomando, por razões humanitárias, o envio de impostos que arrecada em nome dos palestinos, em um total de US$ 55 milhões por mês.
Não estava claro se esse dinheiro, confiscado como parte das sanções impostas por Israel contra o atual governo palestino, poderia ser usado para pagar a empresa de combustíveis.
Salameh disse que a dívida total com a Dor Alon havia crescido, nos últimos anos, para 90 milhões de dólares. Mas afirmou que a empresa pode retomar o envio dos combustíveis se a Autoridade Palestina pagar US$ 27 milhões desse montante.



