Costa do Sauípe - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, definiu ontem a "soberania energética" como a prioridade de seu país na presidência do Mercosul, que se estenderá até junho de 2009. Ao expor esse objetivo durante a 36ª Reunião de Cúpula do Mercosul, ontem, Lugo deixou claro que os embates de seu governo com o Brasil em torno do Tratado de Itaipu e da dívida da hidrelétrica binacional com o Tesouro Nacional e a Eletrobrás deverão contaminar as negociações de temas considerados chaves para o governo brasileiro no bloco. Hoje, ao final da Cúpula da América Latina e Caribe (CALC), o líder paraguaio deverá tratar dos problemas bilaterais com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Antes da reunião do Mercosul, na manhã de ontem, Lugo deu um claro sinal de que pretende acirrar as pressões sobre o Brasil, ao declarar à imprensa que todo país tem o direito de questionar sua dívida externa. O Paraguai defende o cancelamento da dívida de US$ 19,6 bilhões de Itaipu. Desse valor, US$ 19 bilhões seriam assumidos pelo Tesouro brasileiro, e US$ 600 milhões recairiam ao governo paraguaio. O país vizinho insiste ainda na adoção de uma fórmula que eleva o preço da energia que vende ao Brasil e quer ser liberado da obrigação de despachar seu excedente de eletricidade apenas ao mercado brasileiro.
"Estamos analisando a legitimidade e o destino dessa dívida", afirmou Lugo, ao ser questionado se seguiria o exemplo do Equador.
Questionado sobre essa posição do Paraguai, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reafirmou que o Brasil está disposto a discutir com o Paraguai as questões relativas a Itaipu e até mesmo sobre o exercício da soberania energética. Mas, apenas "dentro de padrões justos e racionais". Na semana passada, o chanceler havia declarado que a proposta do Paraguai para a dívida da hidrelétrica binacional "não pode ser aceita" e a qualificou como "irrealista".



