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Stephen Ayres (à esquerda) disse em depoimento no Congresso americano que decidiu ir a Washington devido às mensagens do então presidente
Stephen Ayres (à esquerda) disse em depoimento no Congresso americano que decidiu ir a Washington devido às mensagens do então presidente| Foto: EFE/EPA/DEMETRIUS FREEMAN

O comitê que investiga a invasão ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021 argumentou nesta terça-feira (12) que o então presidente americano, Donald Trump, planejou dias antes incentivar apoiadores a irem ao Congresso dos Estados Unidos e que as pessoas do entorno do mandatário se reuniram com grupos extremistas que participaram do ataque.

Trump escreveu uma mensagem no Twitter que não foi enviada, mas que está preservada nos Arquivos Nacionais e é suficiente, segundo o comitê, para mostrar que tanto Trump como os seus assessores estavam interessados em incentivar a massa.

A convocação do líder republicano antecipava que ele faria um discurso naquela manhã, quando ele pediu para as pessoas chegarem cedo devido à multidão esperada, e depois pedia para que os presentes fossem ao Capitólio, onde os votos que elegeram o democrata Joe Biden estavam sendo certificados.

A audiência, de portas abertas, refletiu como grupos extremistas, como Oath Keepers e Proud Boys, que lideraram esse protesto, se coordenaram e como pessoas de confiança de Trump estiveram em contato com eles.

Dias antes de o assessor de Segurança Nacional Michael Flynn ter participado de uma reunião no Salão Oval que discutiu como inverter o resultado das eleições, ele foi fotografado fora do Capitólio com membros dos Oath Keepers.

Da mesma forma, o ex-colaborador trumpista e amigo Roger Stone utilizou um chat criptografado para coordenar esforços contra a contagem dos votos dois dias após o encerramento da votação. O chat, chamado de “Amigos de Stone”, envolvia membros de ambas as organizações.

A audiência desta terça-feira, a sétima do comitê, focou tanto nessas ligações como na reunião de 18 de dezembro de 2020 no Salão Oval, após a qual Trump publicou o tweet no qual anunciou que haveria um protesto em 6 de janeiro em Washington e encorajou as pessoas a comparecerem porque seria “selvagem”.

Nessa reunião houve insultos, acusações de deslealdade e uma tentativa de Trump de emitir um decreto para dar ao advogado Sidney Powell poderes para apreender máquinas de votação e assim recontar a apuração, segundo o congressista democrata Jamie Raskin, membro do comitê. No fim, a medida não foi tomada.

“Nem sequer compreendo porque temos de dizer que é uma má ideia, uma ideia terrível para o país”, disse Pat Cipollone, ex-advogado da Casa Branca que lutou contra os esforços do então presidente para inverter o resultado das eleições, a Powell.

O comitê, no entanto, descartou que Trump tenha sido manipulado para ignorar os seus assessores mais próximos e acreditar que houve fraude eleitoral.

“É um homem de 76 anos, não uma criança impressionável, e tal como todos os outros neste país, deve ser responsabilizado pelas suas próprias ações e decisões. Ele teve acesso a informações detalhadas e específicas que mostraram que a eleição não foi roubada”, disse a congressista Liz Cheney, uma das duas republicanas do comitê que estão em desacordo com o ex-presidente.

Depoimentos

Trump foi criticado por seguir em frente com as denúncias e, na visão do comitê, ficou claro que as suas várias mensagens foram interpretadas como um apelo ao protesto e até mesmo às armas, uma vez que extremistas falaram abertamente na internet sobre irem armados para a capital. Um deles foi Stephen Ayres, que entrou no Capitólio.

“Eu me baseava em cada palavra de Trump”, disse ele no discurso desta terça-feira, no qual disse estar convencido que a eleição tinha sido uma fraude e que o então presidente republicano se apresentaria ao povo no protesto de janeiro.

As mensagens que circulavam nas redes sociais, muitas de natureza violenta, falavam da realização de um “casamento vermelho”, algo que, como Raskin recordou nesta terça-feira, serve como palavra de código para um massacre.

As reuniões na Casa Branca para tentar manter Trump no poder foram variadas: em 21 de dezembro, de acordo com o comitê, houve outra em que participaram onze republicanos e na qual o vice-presidente, Mike Pence, foi pressionado a ajudar a inverter os resultados.

O comitê promete mais revelações nas próximas audiências: segundo Cheney, Trump tentou entrar em contato com uma testemunha que ainda não prestou depoimento, mas esta última se recusou a responder e, em vez disso, avisou seu advogado sobre a tentativa.

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