Quito Três dias depois da eleição presidencial e da confusão causada pela pane do sistema de apuração montado pelo consórcio brasileiro E-Vote, os equatorianos conheceram ontem os resultados oficiais da votação. Depois de romper o contrato com a E-Vote, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) deu início à contagem manual, e com 90% dos votos apurados, anunciou a vitória do populista de direita, Álvaro Noboa, o homem mais rico do Equador, com 26,32% dos sufrágios, enquanto o esquerdista Rafael Correa - apoiado pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez - obtinha 23,15%.
Os dois candidatos, que deverão medir forças pela presidência em um segundo turno, marcado para 26 de novembro, superaram os outros 11 postulantes no processo eleitoral de domingo.
A contagem oficial mostra uma diferença pequena do que a apontada pela empresa brasileira. Quando suspendeu sua contagem, com 72,25% dos votos apurados, a E-Vote dava 26,67% para Noboa e 22,49% para Correa.
Mesmo assim, a divergência dos números alimentou as denúncias de fraude por parte de Correa. Diante do abalo na credibilidade do TSE causado pela suposta falha da empresa brasileira, o chefe da missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o ex-chanceler argentino Rafael Bielsa, afirmou em entrevista coletiva concedida ontem que "até o momento, não se detectou nenhuma evidência nem denúncia provada de fraude".
Quanto às possíveis falhas da E-Vote, contratada para realizar o trabalho de contagem rápida por US$ 5,2 milhões, Bielsa lembrou que o pessoal técnico da OEA havia feito uma "forte chamada de atenção" sobre a possibilidade de pane do sistema.
Ontem, logo após o anúncio oficial dos resultados, tanto Noboa quanto Correa saíram em busca do apoio dos candidatos que não passaram para o segundo turno. Por enquanto, nenhum deles declarou um apoio oficial, mas é praticamente certo que os eleitores do terceiro e quarto colocados, Gilmar Gutiérrez (irmão do ex-presidente Lucio Gutiérrez) e León Roldós, respectivamente, optem por Correa. Já a maior parte dos quase 10% de votos dados à conservadora Cynthia Viteri deve migrar para Noboa.



